Grupo protesta contra uso de animais em pesquisas
16 de abril de 2011 17h 43
AE - Agência Estado
Para marcar o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção, o grupo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais realizou, neste sábado, manifestação em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília. Distribuindo cartazes e folhetos e vestindo máscaras e jalecos, os manifestantes procuraram conscientizar a população para a necessidade de abolir a uso de animais em experimentos científicos.
Segundo a organização, já são desenvolvidas tecnologias para pesquisas médicas e científicas que usam análises computadorizadas e simuladores. O grupo defende que essas técnicas alternativas têm a vantagens de ser elaboradas a partir do organismo humano, podendo, portanto, obter resultados mais rápidos e precisos.
A coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, estima que cerca de 100 pessoas participaram do protesto em Brasília. Ela admite que abolir o uso de animais em pesquisas pode ser "um sonho", que necessita de vontade pública para ser alcançado, mas acredita que é possível conscientizar os consumidores para que não usem produtos que sejam desenvolvidos a partir de experimentos com animais.
Foram realizadas também manifestações em cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas. As informações são da Agência Brasil.
Análise
Há muito tempo que ambientalistas já vêem protestando contra a experimentação animal em pesquisas científicas, sem serem ouvidos. Porém, em um momento em que temas ambientais estão em alta e o “ambientalmente correto” virou slogan de venda de produtos, seria plausível uma grande repercussão de um tema como o abordado pela matéria, divulgada na mesma data do mês anterior, do jornal Estadão, de grande circulação. Apesar disso, ficou evidente a pouca importância dada à notícia, pelo pequeno tamanho ocupado pela mesma e pela sua localização bem longe da parte de destaque no jornal.
Refletimos então, qual seria o motivo que fez com que o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção não ter a importância devida. Fica evidente que o protesto do grupo “Cadeia para quem maltrata os animais”, que condena o uso de animais para desenvolver quaisquer produtos para o consumo humano, não combina com os anúncios de produtos de indústrias estéticas e cosméticas que pagam valores altíssimos para anunciarem seus produtos no jornal. E sem o uso de tais práticas não poderiam comprovar a eficácia de seus produtos.
Há uma proibição categórica com tais experiências em seres humanos. Como solução, o texto apresenta a citação dos simuladores para análises computadorizadas, que extinguiria a prática com animais. Mas não foi possível apresentado como comprovar a eficácia dos medicamentos baseados apenas em testes laboratoriais e computadorizados já que não trariam com exatidão a mesma reação de um organismo vivo. E ainda como seria possível essa transição sem o risco de cair na mesma margem de dúvidas que os alimentos trangênicos nos remetem.
Há um apelo, então, para uma mobilização por parte dos consumidores para pressionarem tais mudanças, mas a inexistência de legislação para reprimir tais práticas ou que obriguem a especificação no rótulo informando quais produtos utiliza animais em testes laboratoriais dificulta tal ação.
Então precisasse apenas inserir o ideal na moda do “ambientalmente correto”, para acelerar todo o processo. Afinal materiais com origem de reflorestamento e proteção aos animais estão “em alta”: grifes famosas já utilizam casacos de pele falsos.
Porém, os animais utilizados em pesquisas são em geral ratos, que geram somente sentimento de repulsão na sociedade antropocêntrica que conhecemos. Ou ainda, segundo a teoria do utilitarismo, onde não há preocupação com a retirada dessas vidas, já que se trataria de animais denominados máquinas, negando-se a eles a racionalidade e a existência de emoções.
Talvez seja por tudo isso que a coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, caracterize a ação como "um sonho".
16 de abril de 2011 17h 43
AE - Agência Estado
Para marcar o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção, o grupo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais realizou, neste sábado, manifestação em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília. Distribuindo cartazes e folhetos e vestindo máscaras e jalecos, os manifestantes procuraram conscientizar a população para a necessidade de abolir a uso de animais em experimentos científicos.
Segundo a organização, já são desenvolvidas tecnologias para pesquisas médicas e científicas que usam análises computadorizadas e simuladores. O grupo defende que essas técnicas alternativas têm a vantagens de ser elaboradas a partir do organismo humano, podendo, portanto, obter resultados mais rápidos e precisos.
A coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, estima que cerca de 100 pessoas participaram do protesto em Brasília. Ela admite que abolir o uso de animais em pesquisas pode ser "um sonho", que necessita de vontade pública para ser alcançado, mas acredita que é possível conscientizar os consumidores para que não usem produtos que sejam desenvolvidos a partir de experimentos com animais.
Foram realizadas também manifestações em cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas. As informações são da Agência Brasil.
Análise
Há muito tempo que ambientalistas já vêem protestando contra a experimentação animal em pesquisas científicas, sem serem ouvidos. Porém, em um momento em que temas ambientais estão em alta e o “ambientalmente correto” virou slogan de venda de produtos, seria plausível uma grande repercussão de um tema como o abordado pela matéria, divulgada na mesma data do mês anterior, do jornal Estadão, de grande circulação. Apesar disso, ficou evidente a pouca importância dada à notícia, pelo pequeno tamanho ocupado pela mesma e pela sua localização bem longe da parte de destaque no jornal.
Refletimos então, qual seria o motivo que fez com que o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção não ter a importância devida. Fica evidente que o protesto do grupo “Cadeia para quem maltrata os animais”, que condena o uso de animais para desenvolver quaisquer produtos para o consumo humano, não combina com os anúncios de produtos de indústrias estéticas e cosméticas que pagam valores altíssimos para anunciarem seus produtos no jornal. E sem o uso de tais práticas não poderiam comprovar a eficácia de seus produtos.
Há uma proibição categórica com tais experiências em seres humanos. Como solução, o texto apresenta a citação dos simuladores para análises computadorizadas, que extinguiria a prática com animais. Mas não foi possível apresentado como comprovar a eficácia dos medicamentos baseados apenas em testes laboratoriais e computadorizados já que não trariam com exatidão a mesma reação de um organismo vivo. E ainda como seria possível essa transição sem o risco de cair na mesma margem de dúvidas que os alimentos trangênicos nos remetem.
Há um apelo, então, para uma mobilização por parte dos consumidores para pressionarem tais mudanças, mas a inexistência de legislação para reprimir tais práticas ou que obriguem a especificação no rótulo informando quais produtos utiliza animais em testes laboratoriais dificulta tal ação.
Então precisasse apenas inserir o ideal na moda do “ambientalmente correto”, para acelerar todo o processo. Afinal materiais com origem de reflorestamento e proteção aos animais estão “em alta”: grifes famosas já utilizam casacos de pele falsos.
Porém, os animais utilizados em pesquisas são em geral ratos, que geram somente sentimento de repulsão na sociedade antropocêntrica que conhecemos. Ou ainda, segundo a teoria do utilitarismo, onde não há preocupação com a retirada dessas vidas, já que se trataria de animais denominados máquinas, negando-se a eles a racionalidade e a existência de emoções.
Talvez seja por tudo isso que a coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, caracterize a ação como "um sonho".
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ResponderExcluirEssa é uma questão muito delicada, pois grande parte dos medicamentos foram desenvolvidos em animais, os ambientalistas falam que os animais de laboratório também são uma vida, pensam, sentem, tem emoções e tem tanto direito quanto nós de viver, mas qual a espécie que se deixa destruir para salvar outra? O que os pesquisadores fazem é tentar ajudar sua espécie, isso é natural, a maioria dos animais que vivem em comunidade fazem isso por instinto. Concordo que cosméticos, roupas e outras coisas supérfluas com certeza não precisam ser utilizados animais, porque aí sim já não serão mais importantes para a sobrevivência humana.
ResponderExcluirEles citam também o uso de programas de computadores para simulação desses experimentos, eu não sei como esses simuladores funcionam, mas não creio que isso tenha uma taxa de acerto tão elevada assim, pois o organismo humano é algo extremamente complexo para caber todas as informações num programa de computador, acho que ainda temos muita coisa para descobrir em nosso organismo que não serão acrescentadas nesse programa, sem falar que de vez em quando um cientista descobre alguma proteína que vai desempenhar um papel muito importante no tratamento de alguma doença, sem os animais essa proteína provavelmente nunca iria ser descoberta.
Essa discussão é parecida com a do uso células tronco embrionárias, em que de certo modo teríamos que tirar vidas humanas para fazer pesquisa. Nesses dois casos, vai depender de cada um achar qual “tipo” de vida é mais importante.
Trata-se de um assunto bastante controverso. Ao contrário do que muitos ativistas em prol dos direitos dos animais alegam, e segundo inúmeros cientistas e pesquisadores afirmam, a utilização de animais em pesquisas é imprescindível. Além disso, é inegável que tais pesquisas resultaram no salvamento de muitas vidas, não só de humanos, mas também de animais. Aparentemente, muitos dos que defendem tal prática se dão o direito de afirmar que pesquisadores são insensíveis aos animais, e que tendem a "coisificar" os seres vivos, o que em geral não é verdade. Existe de fato, na comunidade científica, certo grau de preocupação com a criação de métodos e modelos alternativos ao uso de animais, mas como dito anteriormente, a pesquisa com animais ainda faz-se necessário em muitos casos. O que pudemos notar também é que , por trás de muitos argumentos contrários, parece haver base em preceitos religiosos, tais como o lema "não matarás" e a noção de que os seres são dotados de alma. Mas até que ponto tais interpretações refletem a verdade? Por fim, vale ressaltar que acreditamos na preservação da integridade e da liberdade dos animais, mas também desejamos o crescimento e a preservação de homens e mulheres enquanto espécie.
ResponderExcluirCorreção: Onde se lê "muitos dos que defendem tal prática", leia-se "muitos dos que condenam tal prática".
ResponderExcluirvocês apontaram muito bem o pouco espaço destinado a algo que pdoeria estar inserido dentro desta moda do politicamente/ecologicamente correto. É interessante perceber que, alguns discursos, especialmente os que não ferem as lógicas atuais de mercado, são privilegiados dentro desta lógica, enquanto outros, não. Por exemplo, quando percebemos que o desenvolvimento industrial pode acarretar mudanças climáticas que trarão situações econômicas piores para os países mais desenvolvidos, convocamos a todos para “fazer a sua parte”. Porém, os tais países, que são, teoricamente, os maiores responsáveis por esta situação, não modificam suas relações com a produção energética. Mas o alarde está dado! No caso das experimentações com animais, que lógicas de mercado são feridas? Numa sociedade, como vocês muito bem apontaram, antropocêntrica e utilitarista, que valores têm os animais, além de servirem a nós, humanos?
ResponderExcluirVocês apontam o uso de animais por indústrias de cosméticos, dizem que estas anunciam no mesmo jornal, mas não mostram isso. Apenas dizer isso, faz com suas análises tenham “menos força”. Seria interessante que mostrassem exemplos. Ao mesmo tempo, vocês chamam a atenção apenas para estes tipos de experimentações com animais. Omitem que aqui, na UFSC, por exemplo, a pesquisa com animais é largamente utilizada. Entra aqui um discurso de que a estética seria uma coisa “supérflua”, mas que, nas universidades, fazemos experimentação para “salvar vidas”. Um ou outro discursos – o da estética e o de salvação – são verdades absolutas? A estética, em nossa sociedade atual é supérflua? E, a partir de experimentos acadêmicos, emergem mesmo apenas coisas que vão salvar a humanidade? Ou pesquisamos, também, coisas supérfluas na UFSC? Experimentar apenas para “saber o que acontece”? Aqui também entram os comentários do pessoal do grupo do Luís, João, Thiago e Samuel: quem decide o que é supérfluo e o que não é? Como deixar de fazer coisas pela nossa espécie, “nossos irmãos” para salvar outras? Esta última pergunta, bastante relacionada a uma lógica que permitiu, por exemplo, a instalação dos regimes nazistas na Europa no séc. passado: defendemos apenas os que consideramos, de acordo com a lógica vigente, que, no momento parece expressar a realidade, são nossos semelhantes...
continuação: Ao mesmo tempo, podemos ver que o texto não “dá voz” a outros interessados nesse tipo de protesto, como as próprias indústrias que usam os animais, ou mesmo, as universidades. Como vocês colocaram, omitem como funcionam estas simulações. Também omitem as diferenças entre os organismos testados (animais) e os para que servem os testes (humanos), que também são muitas! Aliás, toda esta lógica se baseia numa ideia de ciência muito difundida em nossa sociedade, que trata os corpos como máquinas que funcionam do mesmo jeito – uma ciência generalista, na qual baseamos, por exemplo quase toda a nossa medicina ocidental (e que, muitas vezes, não funciona, pensem na quantidade de pessoas que morrem por tomarem vacinas desenvolvidas dentro desta lógica). Se não questionamos o modelo de ciência que usamos, não temos como questionar sua técnicas e práticas... por exemplo, a ideia de que os cientistas “coisificam” os animais , como apontado pelo grupo da Bárbara, Sidney e Darlan. Lembrando sempre que o que temos é um modelo de ciência, que adotamos historicamente e que há outros possíveis. Sobre esse assunto que, acredito esteja no cerne de suas questões, recomendo que leiam o texto “uma discussão sobre valores éticos em educação ambiental” do Mauro Grun e que o acrescentem em suas discussões. Ainda sobre o comentário do mesmo grupo, de uma ideia de que não devemos matar, vale lembrar que dentro de nossa sociedade, com preceitos de base cristã (seja, católica, evangélica...), a ideia de almas só se aplica à espécie humana. E aqui também temos um modo de educação que implica nesta nossa relação com os animais: nós somos escolhidos por deus. E os animais está qui para nos servir. Acredito que vocês possam incluir estas reflexões em sua análise, de modo a enriquecer ainda mais o texto.
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