Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Olhares, contradições e conhecimentos da pandemia

Durante um atípico semestre pandêmico (2020.1 - que ocorreu, efetivamente nos meses de agosto a dezembro de 2020), a Disciplina de Tópicos em Biologia e Educação convidou estudantes do curso de Ciência Biológicas a refletirem sobre como a Biologia, a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, pode ser entendida também, como Cultura. Como tal, ela busca explicar o mundo natural, mas não é ele em si, tendo uma história que não é natural (SANTOS, 2000). Nesse sentido, como podemos colocar nossos olhares para identificar contradições, ou mesmo, "desnaturalizar" nossos modos tradicionais de aprender e ensinar Biologia? Assim como sugere Cortella (2013), propusemos pensar a Biologia "para além das nossas retinas fatigadas", subvertendo certas ordens do olhar.



Iniciamos esta proposta com o trabalho desenvolvido por Luan Caetano de Souza, Beatriz Maria Ribeiro e Letícia Martins Souza que nos convidam a pensar em nossos "Olhos (em tempos de pandemia)", através da construção do vídeo-poema acima. 



Considerando-se os acontecimentos que nos instam em outras perspectivas, tantas histórias que acontecem nesse momento em que estamos em casa, mas muitos estão nas ruas, gritando-se as contradições que convivem, sob tantos olhares, como demonstrá-las, em imagens? Imaginá-las? Apresentamos algumas das propostas em "imagen-ação" das reflexões advindas do período.


Importante relembrar sobre as relações entre humanos e vírus que são contadas nessa época: vilões microscópicos que colocam em risco a vida. Mas seriam eles os únicos vilões? Vilões para quem? Estas são as reflexões propostas por João Paulo Ernzen, Henrique Borges da Silva Grisard, Victória Torres Makowiecky e Luiza Schmidt Dagostini na colagem de sua criação.


Passeamos, imageticamente por diversas histórias deste período, marcadas a fogo, do qual só vimos um dia virar noite, pelas janelas das habitações, ou das TVs... esquecemos que o agro só é pop para uma parcela muito pequena da população, como apontam a imagem de Ana Julia Brassolati Salviano, Fernanda Luiza de Oliveira Quevedo dos Santos, Maria Clara Pereira Pereira Carvalho de Souza e Letícia Fortulino Trajano

mas há quem está vendo de perto, suas vidas e conhecimentos serem consumidos pela fogueira, como nos lembram Evelyn Martins Goulart, Gabriel Francisco Salamon e Lucas Saraçol Lopes, em sua produção sobre epistemicídio e resistência.



Nesse semestre, foram muitos processos de compreensão do novo, de experimentar ações e, em especial de (re)construir. Estela Carvalho Schmidt aproveita para contar como foi um desses processos, trazendo não apenas seu produto final, mas demonstrando que, qualquer construção tem história e não é natural.





Referências Citadas:

CORTELLA, Mario Sergio. Não se desespere!: provocações filosóficas. 3a Ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2013.

SANTOS, L. H. dos. A Biologia tem uma história que não é natural. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.) Estudos Culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema... Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000.