A tirinha por si só, já pode ser vista como uma crítica que Bill Watterson faz à possessividade humana, mas como na maioria dos seus trabalhos suas críticas tem um tom mais brando do que naturalmente teria. Ela mostra a gana do homem de ser dono da natureza, e de achar que pode aprisioná-la tornando eterno o que seria naturalmente passageiro. Ou apoderando-se de um ser vivo para seu próprio prazer, como em um zoológico.
Haroldo, que naturalmente seria um representante da natureza, alfineta Calvin por ter prendido a borboleta conscientizando-o que aquilo seria errado. Diz em um tom de desapontamento que, se os humanos fossem capazes, capturariam até mesmo um arco-íris. Calvin, no entanto, é uma criança, assim sendo mais inocente e maleável, por isso liberta-a.
Outros aspectos a serem notados na tirinha são a coloração e o cenário pobremente trabalhado que dá um tom sério à brincadeira além de uma sensação de vazio. Para quem conhece o trabalho de Bill Watterson sabe que suas histórias, no geral, são feitas em cores alegres e cenários vistosos quando não são abordados temas tão "sérios".
Um dos grupos que comentou na primeira versão da análise que algum pensamento religioso poderia estar envolvido em situações semelhantes, já que a Bíblia coloca o homem como um ser superior aos outros seres vivos existentes no nosso planeta.
Por último, uma das análises mostra que existe uma falta de consciência ecológica nas crianças e que isso deveria ser ensinado nas escolas e até mesmo em casa, posto que com relação ao nosso planeta dificilmente teremos uma segunda chance.
É natural que uma criança seja curiosa e veja a borboleta, como no exemplo do quadrinho em questão, com certo fascínio, mas aprisiona-la no pote a criança mostra que não pensa nela com igualdade. Isso é cultural? Prendemos assim na escola? E em casa?
Grupo: Antonio Ganzer, Natalia Fabris, Sabrina Lehmkuhl
Essa tirinha realmente faz parar pra pensar como o ser humano é egocêntrico, normalmente achando que tudo no mundo foi feito para o seu prazer.
ResponderExcluirE, isso já vem de séculos atrás, pois até na Bíblia o ser humano tem um papel de destaque, sendo feito a "semelhança" de Deus.
Acadêmicos: Bárbara, Sidney e Darlan
Justamente por tratar-se de uma criança sendo moldada iremos além do assunto implícito na tirinha, iremos falar na educação atual. Sim, é vantajoso usufruir dos recursos naturais presentes no planeta, óbvio, mas de forma consciente e sustentável e não como está ocorrendo hoje em dia, de forma desenfreada e devastadora.
ResponderExcluirHoje as crianças já vão para escola com mais habilidade em eletrônicos do que os adultos, mas em compensação, praticamente zero de cultura ecológica, o que é um erro – não a habilidade com os eletrônicos, mas a “inabilidade” ecológica. Tem de ser ensinado nas escolas desde cedo a importância da preservação e do termo “sustentabilidade”, não só para evitar frustrações como a de Calvin, mas para garantir uma longevidade dos recursos naturais dos quais dispomos. Afinal de constas, temos apenas um planeta, não é mesmo?
Grupo: João Francisco, Maria Paula e Vitor
Eu acho que possessividade não é bem o termo a ser debatido, mas sim, a ideia de que os humanos têm direito sobre/acima de outros animais, ou da natureza. Isto se relaciona também ao que colocam a Bárbara, o Sydnei e o Darlan, de que, até mesmo na bíblia, ou nas religiões de origem judaico-cristãs, esta ideia do homem ser feito à semelhança de deus, concede a ele o poder sobre as coisas da Terra. Mais do que isso, isto é endossado pela ciência moderna (aquela lá do Descartes, que embasa o pensamento científico atual) e por muitas outras instâncias culturais da nossa sociedade. Isto se relaciona àquele rompimento entre sociedade e natureza, como se os seres humanos estivessem “fora” da natureza e não fossem apenas mais uma espécie, como outra qualquer... é difícil nos assumirmos mais uma especiezinha em todo esse universo, não é? É tão difícil que vocês consideram o tigre “naturalmente”, um representante da natureza, como se o calvin estivesse fora dela e realmente, tivesse esse poder todo de “domar” a natureza... podemos sim, mexer numa coisinha aqui e outra ali, mas já temos aquecimentos globais demais, terremotos demais, enchentes demais, para nos comprovar que, perante o planeta, nosso governo não funciona... mas que gostamos de viver nessa ilusão de controle. Sugiro que incorporem os comentários dos colegas e dialoguem com o texto sobre sociedade e natureza nos anúncios publicitários e aquele sobre visão utilitária dos animais, para aprofundarem um pouco mais a análise. Além disso, se quiserem acompanhar as sugestões do grupo do segundo comentário, poderiam também inserir esta questão de como educar as crianças para uma relação mais horizontal com o planeta. Isso começa mudendo inclusive os nossos discursos: proteger o ambiente porque só temos um, ou por que temos mais uma diversidade de espécies (e não recursos para consumirmos!) também inquilinas da Terra?
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