Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

sexta-feira, 20 de maio de 2011

ANÁLISE DE UMA NOTÍCIA SOBRE USO DE ANIMAIS EM PESQUISAS

Grupo protesta contra uso de animais em pesquisas
16 de abril de 2011 17h 43


AE - Agência Estado
Para marcar o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção, o grupo Cadeia Para Quem Maltrata os Animais realizou, neste sábado, manifestação em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília. Distribuindo cartazes e folhetos e vestindo máscaras e jalecos, os manifestantes procuraram conscientizar a população para a necessidade de abolir a uso de animais em experimentos científicos.
Segundo a organização, já são desenvolvidas tecnologias para pesquisas médicas e científicas que usam análises computadorizadas e simuladores. O grupo defende que essas técnicas alternativas têm a vantagens de ser elaboradas a partir do organismo humano, podendo, portanto, obter resultados mais rápidos e precisos.
A coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, estima que cerca de 100 pessoas participaram do protesto em Brasília. Ela admite que abolir o uso de animais em pesquisas pode ser "um sonho", que necessita de vontade pública para ser alcançado, mas acredita que é possível conscientizar os consumidores para que não usem produtos que sejam desenvolvidos a partir de experimentos com animais.
Foram realizadas também manifestações em cidades como o Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas. As informações são da Agência Brasil.

Análise

Há muito tempo que ambientalistas já vêem protestando contra a experimentação animal em pesquisas científicas, sem serem ouvidos. Porém, em um momento em que temas ambientais estão em alta e o “ambientalmente correto” virou slogan de venda de produtos, seria plausível uma grande repercussão de um tema como o abordado pela matéria, divulgada na mesma data do mês anterior, do jornal Estadão, de grande circulação. Apesar disso, ficou evidente a pouca importância dada à notícia, pelo pequeno tamanho ocupado pela mesma e pela sua localização bem longe da parte de destaque no jornal.
Refletimos então, qual seria o motivo que fez com que o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção não ter a importância devida. Fica evidente que o protesto do grupo “Cadeia para quem maltrata os animais”, que condena o uso de animais para desenvolver quaisquer produtos para o consumo humano, não combina com os anúncios de produtos de indústrias estéticas e cosméticas que pagam valores altíssimos para anunciarem seus produtos no jornal. E sem o uso de tais práticas não poderiam comprovar a eficácia de seus produtos.
Há uma proibição categórica com tais experiências em seres humanos. Como solução, o texto apresenta a citação dos simuladores para análises computadorizadas, que extinguiria a prática com animais. Mas não foi possível apresentado como comprovar a eficácia dos medicamentos baseados apenas em testes laboratoriais e computadorizados já que não trariam com exatidão a mesma reação de um organismo vivo. E ainda como seria possível essa transição sem o risco de cair na mesma margem de dúvidas que os alimentos trangênicos nos remetem.
Há um apelo, então, para uma mobilização por parte dos consumidores para pressionarem tais mudanças, mas a inexistência de legislação para reprimir tais práticas ou que obriguem a especificação no rótulo informando quais produtos utiliza animais em testes laboratoriais dificulta tal ação.
Então precisasse apenas inserir o ideal na moda do “ambientalmente correto”, para acelerar todo o processo. Afinal materiais com origem de reflorestamento e proteção aos animais estão “em alta”: grifes famosas já utilizam casacos de pele falsos.
Porém, os animais utilizados em pesquisas são em geral ratos, que geram somente sentimento de repulsão na sociedade antropocêntrica que conhecemos. Ou ainda, segundo a teoria do utilitarismo, onde não há preocupação com a retirada dessas vidas, já que se trataria de animais denominados máquinas, negando-se a eles a racionalidade e a existência de emoções.
Talvez seja por tudo isso que a coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, caracterize a ação como "um sonho".

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ANÁLISE DE UMA CAMPANHA PUBLICITÁRIA CONTRA O TABACO

"Fumar significa ser escravo do tabaco."



A campanha conta o cigarro foi vinculada recentemente na França tem como alvo chocar os jovens e adolescentes depois do índice de jovens fumantes ter aumentado significativamente. Acreditamos que deu certo a intenção da campanha porque é chocante ver essas imagens envolvendo adolescentes pois a campanha visa relacionar o fumo com a submissão.Pode-se relacionar também das imagens, o sexo sem proteção, a pessoa estaria então condenada a morte e exposta a outras doenças.
Sabe-se que o cigarro ainda tem poder sobre os jovens que começam a fumar em sua maioria por influência dos amigos, para sentir-se enturmado, pra desenvolver auto- confiança ou simplesmente por acharem bonito e não acreditarem que o cigarro vicia e vai matando aos poucos. O cigarro/tabagismo é responsável por 30 % das mortes por câncer, seja câncer de pulmão ou por alguma doença pulmonar crônica e ainda doença cerebrovascular, isso sem falar em aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias, impotência no homem, nas mulheres ainda pode ocorrer osteoporose e aumento de rugas. A fumaça do tabaco, durante a tragada, é inalada pelos pulmões, distribuindo-se para o sistema circulatório e chega ao cérebro em aproximadamente 7 a 9 segundos. É uma mistura de mais de 4 mil substâncias tóxicas, entre tantos podemos citar a nicotina que é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma droga psicoativa que causa dependência química e psicológica.
É claro que argumentarmos com um fumante sobre os danos que o tabaco pode causar é inútil, ele mesmo tem de tomar a iniciativa de parar de fumar, por isso campanhas estilo essa lançada na França devem ser divulgadas a todos os fumantes e não fumantes, a idéia de submissão, explícito na campanha, mostrando adolescentes com um cigarro na boca sugerindo a prática de sexo oral forçado por um adulto nos faz pensar que o adolescente com o cigarro está submetido a pior das submissões, a uma escravidão pelo tabaco, como se o cigarro abusasse do fumante, tornando ele preso àquele vício e sabendo dos danos que isso pode causar a sua saúde.
No Brasil foram lançadas campanhas contra o tabagismo colocando fotos bizarras nos maços de carteiras de cigarro o que se pode dizer a respeito do comentário dito pelo presidente da Souza Cruz ''As imagens não informam, mas sim denigrem o consumidor''. Na verdade as imagens expostas nos maços de cigarro não influenciam em nada o fumante ativo, que vai comprar uma latinha pra disfarçar a imagem, ou simplesmente fazem piadinhas do tipo ''a isso não vai acontecer comigo''. Talvez falte no Brasil o uso de campanhas que choquem mais, proibir o uso de cigarros em ambiente fechados contribuiu bastante em relação aos fumantes passivos que sofrem mais com a fumaça do cigarro que é inalada.
As campanhas estão aí vinculadas em todos os meios, e todo mundo sabe dos danos que causam, cabe a cada um analisar e tirar suas próprias conclusões.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

ANÁLISE DE UMA CHARGE COM O TEMA SUSTENTABILIDADE

*Clique na imagem para vê-la melhor.



Nossa charge, aborda o tema sustentabilidade. Na imagem podemos ver o planeta terra no presente, já em estado de deterioração, e o resultado preocupante, em um futuro não tão distante, tendo como referência a imagem do filho que não envelheceu tanto. Na tira pode ser observado por exemplo, a mudança de tonalidade do planeta terra. No presente ela já apresenta cores degrades, passando a informação de que nos dias atuais, o planeta já está sofrendo mudanças naturais por consequência do ser humano.
Um outro aspecto a ser observado, é a imagem do pai do garoto. Ele é representado por um homem de meia idade, fumando um charuto e com roupas semelhante as de um turista. Partindo de um pressuposto, podemos inferir que este homem representa o homem atual, que até pode ver o que o seu consumo desenfreado e inconsciente está causando ao planeta, porém por motivos, como seu status perante a sociedade, ou sua falta de informação, este homem não parece preocupado com o que possa vir a acontecer ao planeta em consequência do consumo inconsequente.
Levando em consideração essas observações, a charge tem por objetivo tentar chocar o leitor, tentando mostrar a consequência para o planeta terra, da falta de sustentabilidade que nós, seres humanos temos em nosso modelo de vida. Tendo em vista isso, gostaríamos de indicar um curta-metragem (“ILHA DAS FLORES”), presente no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=Zfo4Uyf5sgg. Este curta-metragem, mostra uma outra visão do consumo feito por nós e suas consequências, mais para o lado social do que ambiental, porém que também possui relevância para todos que almejam repensar algumas atitudes perante ao consumo.

Tamyris Latuf Gregolini e Lucas de Almeida Martins

ANÁLISE DE UMA REPORTAGEM SOBRE COMPORTAMENTO GAY NO REINO ANIMAL


Comportamento gay é encontrado em quase todo Reino Animal


Uma nova revisão de pesquisas já existentes afirma que o comportamento homossexual é um fenômeno muito comum em várias espécies, desde minhocas, sapos até aves. “É óbvio agora que o comportamento homossexual se estende a vários outros além dos exemplos que conhecemos, como bonobos, golfinhos, pingüins e moscas da fruta”, afirma Nathan Baliey, pesquisador do Departamento de Biologia da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

O estudo, entretanto, afirma que o comportamento não é igual em todas as espécies, e que pesquisadores podem estar chamando fenômenos diferentes pelo mesmo nome. “Por exemplo, as moscar frugíveras podem cortejar outros machos porque não têm o gene que permite que eles percebam a diferença entre os sexos”, afirma Bailey. “Mas isso é diferente do caso dos golfinhos, que têm relações entre o mesmo sexo para facilitar a união do grupo, ou de albatrozes fêmeas, que podem permanecer com o mesmo par durante toda a vida”, explica.

De acordo com o estudo, pesquisas existentes sobre o assunto se preocupam em analisar as origens, e não as consequências do comportamento. Uma força seletiva – stress colocado sobre uma população, por exemplo, pode afetar a reprodução na população analisada. De acordo com Bailey, é normal pensar nessas forças como o clima, temperatura ou características físicas do tipo, mas também é possível considerar circunstâncias sociais como forças seletivas. “O comportamento homossexual muda radicalmente as circunstâncias sociais, por remover alguns animais da disponibilidade para o acasalamento”, afirma o pesquisador.

“Como qualquer comportamento que não leva à reprodução – como a agressão ou o altruísmo -, o comportamento homossexual tem consequências que começam a ser consideradas só agora”, diz. “Quão importante é a genética na

expressão desse comportamento, comparada com o ambiente?”, questiona Bailey. “Saber isso ajudaria a entender como isso evolui e afeta a evolução de outras características. Também poderia ajudar a entender se é algo que afeta indivíduos ou todos de uma espécie, mas que só alguns expressam”, afirma.

Link: http://hypescience.com/comportamento-homossexual-e-encontrado-em-quase-todo-o-reino-animal/


Análise


Tema: naturalidade homossexual e as conseqüências nas pesquisas do mesmo

A linguagem do texto tem como objetivo atingir uma população leiga, por não apresentar termologia complexa, excluindo o público infantil pela falta de imagens e outros recursos para chamar a atenção destes. Praticamente não há referências no texto. Preza a imparcialidade por ser um texto informativo de cunho científico.

A mensagem passada pelo reportagem é que a homossexualidade e algo natural, portanto, não está fora do padrão de 'normalidade' dos comportamentos de indivíduos nas espécies. De acordo com a pesquisa subentendesse inclusive que existe função para estes comportamentos.

ANÁLISE DE UM ARTIGO SOBRE O PALMITO JUÇARA

Palmito Juçara
A América do Sul possui uma das maiores diversidades de palmeiras do mundo. O palmito juçara Euterpe edulis Martius é umas das palmeiras mais belas de toda a flora brasileira. Sua distribuição original ocorre do sul da Bahia até Misiones na Argentina. Também há registros da juçara em brejos próximo ao Distrito Federal.
O palmito é uma iguaria fina, valiosa e de grande aceitação no mercado, tanto no Brasil como no exterior. Corresponde ao produto comestível, extraído da extremidade superior do tronco de certas palmeiras, constituindo-se de folhas jovens, internas, ainda em desenvolvimento, envolvidas pela bainha das folhas mais velhas.
Explorado intensamente a partir da década de 70, o palmito juçara encontra-se hoje sob o risco de extinção. Apesar da retirada sem a realização e a aprovação de um plano de manejo sustentado ser proibida por lei, a exploração predatória tem avançado no país e quase todo o palmito juçara comercializado e exportado pelo Brasil atualmente é ilegal.
Originalmente o palmito era extraído da palmeira Juçara (Euterpe edulis), que possui palmito de altíssima qualidade, mas um ciclo de produção longo; tendo uma exploração predominantemente extrativista, encontra-se por isso em vias de extinção.
O palmito leva mais de 7 anos para crescer até o tamanho de corte. Devido a super-exploração ilegal, juçaras muito pequenas já estão sendo cortadas (são os palmitos picados que você vê na pizza de palmito!), impedindo a regeneração natural das florestas.
Praticamente todo palmito, com exceção da pupunha Bactris gasipaes H. B. K., que chega na sua mesa vêm da extração na natureza. A exploração do palmito na Floresta Atlântica não é sustentável.
Os palmiteiros são contratados em regiões pobres, como as cidades do Vale do Ribeira, sul de São Paulo, região de Guaraqueçaba e litoral paranaense e deixados próximos as Florestas Nativas. À noite os palmiteiros entram na mata, cortam e carregam feixes de até 50 palmitos. Cada feixe representa uma árvore morta. Um palmiteiro pode cortar até 200 palmeiras por dia!
Após o corte, os palmitos são levados aos acampamentos e cozinhados em condições pouco higiênicas. Então, os palmitos são envazados e transportados para fábricas clandestinas onde recebe um vidro e rótulo falsificados. Após chegar nas fábricas, são lavados e colocados em frascos limpos. Outra possibilidade é do transporte do palmito in natura dos feixes que vão diretamente para os restaurantes self service das grandes cidades. Cada palmeira produz somente um único palmito de menos de 30 cm de comprimento. Algumas marcas possuem nome "ecológicos" para iludir o consumidor. Importância do palmito juçara:
- A maioria do palmito juçara encontrado nos supermercados, restaurantes vêm de corte ilegal. Esse corte ilegal é feito geralmente dentro das Unidades de Conservação (Parques Estaduais, Nacionais, Estações Ecológicas). Os palmitos são cortados dentro da mata e cozidos na hora sob péssimas condições de higiene.
- Várias espécies de aves e mamíferos dependem dos frutos do palmito para sobreviver. Sabemos que arapongas, sabiás-unas, tucanos, jacutingas, catetos, queixadas, veados, esquilos, cutias, antas, e outros animais da floresta consomem os frutos e dispersam as sementes do juçara pela mata. Sem a juçara várias espécies de animais podem desaparecer. Em alguns locais onde o palmito foi dizimado já podemos notar a ausência da fauna.
- Palmito não possui nenhuma vitamina, ou qualquer outra fonte alimentar imprescindível ao homem.
- Atualmente existe uma guerra entre os palmiteiros e os guardas-parques em todo o Brasil. Os palmiteiros estão fortemente armados e mobilizados para extrair todo palmito possível da Floresta Atlântica. Alguns guardas já foram mortos. O corte do palmito está se tornando tão organizado quanto o tráfico de drogas. Sabemos hoje que os palmiteiros possuem rádios, armas e transporte mais eficientes que os guardas. Além de cortar os palmitos, muitos animais são abatidos pelos palmiteiros.
Muitos palmiteiros entraram nessa atividade devido ao colapso das atividades do chá e banana. Atualmente existe um grande debate entre ecologistas, sócio ambientalistas e ecólogos sobre a importância de produtos renováveis advindos da floresta.
Para uma maior conscientização e preservação desta espécie sugere-se algumas considerações, como mostrar ao público o impacto do corte do palmito na Floresta Atlântica e seus riscos a saúde, quando preparado e consumido sem condições básicas de higiene (botulismo); elaboração e divulgação de campanhas de educação ambiental; criar um sistema de fiscalização efetivo nas Unidades de Conservação da Floresta Atlântica; incentivar planos de manejo do palmito em áreas particulares; fornecer alternativas de renda para a população tradicional e do entorno das Unidades de Conservação.
Da redação do Ambiente Brasil - www.ambientebrasil.com.br



ANÁLISE:
A polêmica do palmito juçara
Como proposta educativa da disciplina de Tópicos em Biologia e Educação do Curso de Graduação em Ciências Biológicas – UFSC, o presente texto é uma análise de um artigo publicado no site www.ambientebrasil.com.br. O artigo trata do Euterpe edulis Mart. (palmito juçara) que se encontra ameaçado de extinção devido ao extrativismo. Este artigo vem contra a exploração desta palmeira que sempre foi uma das principais fontes de renda das comunidades nativas da Mata Atlântica. Esta análise foi pensada com base em pesquisa de campo feita desde a década de 80 na APA (Área de Proteção Ambiental) de Guaraqueçaba no Paraná. Tal pesquisa tem sido feita por um dos autores da análise (Sidney), que é nativo da região e tem acompanhado o modo de vida dos moradores locais, as ações governamentais de desenvolvimento (ou falta deste), assim como a repressão aos atos considerados ilícitos.
Ao observar o texto em questão, verifica-se a presença de diversos termos mais técnicos, como manejo sustentável, exploração predatória, unidades de conservação, e dispersão de sementes. Isso parece sugerir que o texto é dirigido ao leitor já engajado em discursos ecológicos ou ambientais. Além disso, o texto tem um caráter conservacionista, sendo este aparentemente ligado aos primeiros movimentos ecológicos que têm origem nas ciências. O texto nos induz a considerar, entre outras coisas, que áreas no mundo devam ter a menor influência dos seres humanos possível, onde somente “poucos iluminados” (biólogos, ecólogos, engenheiros florestais) poderiam ter acesso às áreas escolhidas como de conservação. Entretanto, o discurso sócio-ambiental pode ser aqui mencionado, tendo em vista que é possível a valorização da participação das comunidades das reservas nos processos de educação, manejo e conservação do ambiente.
Como se pode notar, o terceiro parágrafo faz menção ao “palmito juçara encontrar-se sob o risco de extinção”. O que de fato acontece é que, em alguns lugares, ele já se encontra extinto. Vale mencionar também que, em outras localidades, a palmeira é considerada uma praga, pois onde há muito palmito há dificuldade de outras culturas, ou seja, onde se instala um palmital outras plantas se desenvolvem com dificuldade.
No sexto parágrafo, lê-se que “a exploração do palmito na Floresta Atlântica não é sustentável”. Embora o artigo não mencione os motivos da impossibilidade de sustentabilidade, parece haver em verdade meios da exploração de palmito ser sustentável. O cultivo do palmito de forma homogênea já é uma realidade em alguns locais do país, onde se faz o plantio de forma inteligente, na tentativa de evitar o corte degradante e prejudicial ao ambiente. Vale ressaltar que a polpa do Euterpe oleracea Mart. (açaí) - a palmeira amazônica do mesmo gênero do juçara - é explorada há muito tempo no norte do país, fazendo parte da cultura do povo da Amazônia.
No que diz respeito aos grupos que exploram o palmito, sabe-se inclusive que não se tratam somente de “palmiteiros contratados”, como exposto no sétimo parágrafo. Incluídos nesses grupos estão trabalhadores rurais que complementam a renda no corte do palmito. É fato que a ilegalidade cerca todo o processo de exploração do palmito, porém nem todo palmiteiro deve ser tratado como bandido, uma vez que muitos nativos encontram no palmito sua única fonte possível de renda. Entretanto, embora estejamos tratando de comunidades dependentes desta prática, esta não justifica a continuidade deste tipo de manejo. Uma alternativa, contudo, seria buscar meios sustentáveis a partir de política sócio-ambiental, a fim de prevenir a extinção da espécie em questão, sem desfavorecer as famílias locais.
Não menos importante é o modo como o texto aborda o acondicionamento do palmito abatido. No oitavo parágrafo, o texto afirma que “o palmito é cozido no acampamento e depois vai para uma fábrica clandestina onde recebe o vidro e rótulo”. Em muitos casos o palmito é de fato cozido diretamente no vidro e de forma extremamente precária. Ainda, nota-se no texto uma baixa ênfase dada aos problemas que tais condições de preparo podem trazer à saúde humana. Embora haja menção ao botulismo como forma de apelo à saúde, nada é esclarecido a respeito. Sabe-se que a falta de higiene no preparo das conservas é favorável a proliferação da bactéria Clostridium botulinum, que por sua vez produz uma toxina altamente prejudicial ao sistema nervoso humano.
Vale enfatizar a importância da preservação do palmito juçara, assim como das demais espécies. Dentre outros fatores, sabe-se que o fruto do palmiteiro serve de alimento para diversas espécies da Mata Atlântica. O uso sustentável do E. edulis é fundamental para manter as interações ecológicas na Mata Atlântica. Para isso, é necessário que as autoridades desenvolvam projetos de manejo desta importante planta para os animais e para os homens. Faz-se necessária também uma maior conscientização das pessoas que consomem o produto. Além de evitar o consumo desse produto que não é imprescindível ao ser humano, sempre que consumido deve-se estar atento à sua procedência. Por fim, e sob outra perspectiva, a preservação das espécies pode ser considerada, inclusive, tendo em mente um respeito ao próprio direito de convivência das espécies, ou seja, o direito de existirem na Terra pelo seu próprio valor intrínseco que é a vida.

Bárbara Treyse Cardoso da Silva
Darlan da Silva Bazilio
Sidney José Maria de Freitas 

ANÁLISE DE UM VÍDEO DE UMA PROPAGANDA DA BOMBRIL





Na campanha Mulheres Evoluídas da Bombril foi divulgado um vídeo onde a atriz Dani Calabresa promove a venda de produtos de limpeza. A atriz interpreta uma mulher que dá conselhos ao público feminino para exigirem de seus maridos ajuda nas tarefas da casa, sendo que seu argumento central se resume a que a marca evoluiu junto com as mulheres. A propaganda parece pregar a igualdade entre os sexos, entretanto podemos destacar aspectos sexistas e machistas.
Num primeiro momento podemos observar que a atriz representa uma mulher evoluída e está caracterizada com vestimenta masculina. Isto nos leva a questionar os conceitos machistas do conteúdo, afinal, porque a mulher para ser considerada evoluída deve ser masculinizada? É notável que a sociedade esta tomada de preconceitos. Outro fator interessante, que também nos leva à conclusão de um aspecto machista na propaganda, está no fato da mesma ser direcionada unicamente para as mulheres. Se a proposta do comercial fosse realmente uma igualdade entre os sexos, o público alvo deveria ser qualquer ser humano que o assistisse, uma vez que a igualdade dos gêneros implica que as tarefas da casa são responsabilidade de homens e mulheres, assim como a política, economia e diversas outras incumbências dos cidadãos do mundo ocidental. Outro fator de destaque está no sexismo explícito do comercial, o qual vai totalmente contra o feminismo, promovendo uma “guerra” entre os sexos e não a busca pela igualdade frente à sociedade. A atriz interpreta uma personagem inspirada no personagem Capitão Nascimento do filme “Tropa de elite”, o qual apresenta características como o autoritarismo, o abuso de poder e a submissão do mais fraco, atitudes muitas vezes admiradas pelo sexo masculino em uma sociedade machista. Além de salientar a violência entre os sexos, esta característica da propaganda termina por dar à mulher um tom de linguagem "masculina", para assim buscar a aprovação do homem ou até para colocá-la no mesmo status que o homem e ele ouví-la.
Dada tal perspectiva, e pensando que apesar das injustiças sofridas pelas mulheres no final somos todos seres humanos, será que existe algum fator biológico que justifique uma inferiorização social da mulher? Simone de Beavoaur, escritora francesa do séc. passado e ativista feminista, dizia que não nascemos mulher e sim nos tornamos mulher. Realmente, a partir do momento em que é anunciado o sexo do bebê, inicia-se a transmissão de costumes seculares, com imposições de comportamento e tradições. No sentido estritamente biológico, as diferenças entre homens e mulheres mais marcantes ocorrem com a interação entre genes e hormônios, os quais determinam suas características físicas, comportamentais e também atuam no funcionamento de orgãos fundamentais. No sexo masculino determina músculos mais desenvolvidos, pelos mais abundantes, voz mais grossa, etc... Já no sexo feminino, ocorre desenvolvimento dos seios, voz aguda e artérias cardíacas mais protegidas, entre outros. Enfim, podemos inferir que a maior diferença entre homens e mulheres está em que a última pode gestar um descendente, tendo seu corpo adaptado para isso. A partir disso, entendemos que as diferenças biológicas entre os sexos existem sim, porém não seriam suficientes para determinar o status dos mesmos na sociedade, a diferença está imposta na organização social e nos costumes arraigados.
Numa definição de feminismo do projeto "Renasce Brasil", é divulgado um conceito de “movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos”. Ou seja, apesar das diferenças biológicas, devemos entender que os sujeitos na sociedade devem ser vistos como iguais, sem descriminação nem violência de nenhuma das partes. É indispensável repensar toda a “indústria da mulher”, pensar criticamente sobre propagandas onde produtos são destinados à mulher, independentemente da função dos mesmos. Repensar também a questão da mulher como grande alimentadora do consumismo, talvez por ser o alvo da maioria das campanhas publicitárias e também por sofrer uma enorme pressão social em relação à imagem e vestimenta, a mulher está mais suscetível ao consumo exagerado estimulado pela economia atual. A partir do exposto na análise, acreditamos que a base da mudança está em redefinir fatores “normais” do dia a dia, principalmente os que fortalecem a definição da mulher como dona de casa, objeto sexual, fútil, e tantas outras características sexistas que vemos todos os dias nos meios de comunicação. 


Myrna F. Hornke e Ângela Demétrio

ANÁLISE DE UM TIRINHA DO CALVIN


A tirinha por si só, já pode ser vista como uma crítica que Bill Watterson faz à possessividade humana, mas como na maioria dos seus trabalhos suas críticas tem um tom mais brando do que naturalmente teria. Ela mostra a gana do homem de ser dono da natureza, e de achar que pode aprisioná-la tornando eterno o que seria naturalmente passageiro. Ou apoderando-se de um ser vivo para seu próprio prazer, como em um zoológico.
Haroldo, que naturalmente seria um representante da natureza, alfineta Calvin por ter prendido a borboleta conscientizando-o que aquilo seria errado. Diz em um tom de desapontamento que, se os humanos fossem capazes, capturariam até mesmo um arco-íris. Calvin, no entanto, é uma criança, assim sendo mais inocente e maleável, por isso liberta-a.
Outros aspectos a serem notados na tirinha são a coloração e o cenário pobremente trabalhado que dá um tom sério à brincadeira além de uma sensação de vazio. Para quem conhece o trabalho de Bill Watterson sabe que suas histórias, no geral, são feitas em cores alegres e cenários vistosos quando não são abordados temas tão "sérios".
Um dos grupos que comentou na primeira versão da análise que algum pensamento religioso poderia estar envolvido em situações semelhantes, já que a Bíblia coloca o homem como um ser superior aos outros seres vivos existentes no nosso planeta.
Por último, uma das análises mostra que existe uma falta de consciência ecológica nas crianças e que isso deveria ser ensinado nas escolas e até mesmo em casa, posto que com relação ao nosso planeta dificilmente teremos uma segunda chance.
É natural que uma criança seja curiosa e veja a borboleta, como no exemplo do quadrinho em questão, com certo fascínio, mas aprisiona-la no pote a criança mostra que não pensa nela com igualdade. Isso é cultural? Prendemos assim na escola? E em casa?


Grupo: Antonio Ganzer, Natalia Fabris, Sabrina Lehmkuhl

ANÁLISE DE UMA IMAGEM DE UMA PROPAGANDA DA WWF

"Não compre souvenirs de animais exóticos."


A imagem em análise faz parte de uma campanha da WWF-Brasil (“organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza”) contra o tráfico de animais, plantas e/ou produtos confeccionados a partir de matéria-prima animal, principalmente dos exóticos.
Tem como objetivo conscientizar as pessoas a não comprarem produtos feitos a partir de matéria-prima animal. Muitos compram esses objetos para levarem de lembrança de suas viagens, mas este comércio contribui para a extinção de várias espécies, pois acaba incentivando a caça ilegal.
O texto retrata um aeroporto moderno (presença de tecnologias) e em contrapartida à presença de uma mulher puxando uma mala que deixa um rastro de sangue, representando o comércio ilegal de animais exóticos (através de lembranças de animais ou produtos confeccionados com partes de animais silvestres).
Alguns pontos a serem observados:
- Uma mulher, símbolo de animal sensível, adotando uma postura cruel como a do tráfico ou caça de animais exóticos e contribuindo, assim, para uma possível extinção de diversas espécies animais e/ou vegetais.
- A situação acontece em um aeroporto, local de entrada e saída de pessoas, e uma das principais vias de acesso ao tráfico de animais ou plantas.
- O rastro de sangue pode simbolizar a morte dos animais traficados que morrem durante o trajeto por má acomodação dos mesmos (vários são colocados dentro de caixas com pouca ou rara circulação de ar e iluminação, além da falta de alimentos e água) ou de animais que foram mortos com o intuito de se obter matéria-prima para construção de peças a serem comercializadas (ex: patas de coelho, marfim de elefantes, morsas, hipopótamos, couro de jacaré, cobra, peles e outros).
- Como já foi citado anteriormente, não só os animais são traficados ou vendidos ilegalmente, plantas também são bastante comercializadas. Várias espécies raras são comercializadas e seus principais compradores são empresas estrangeiras que buscam a utilização de algum princípio ativo do vegetal na indústria ou decoradores de ambientes. A decisão pelo uso do animal na imagem da campanha, e não das plantas, se deve ao carinho e afeição que o homem tem pelos animais (principalmente os domésticos). Muitas vezes, a sociedade atribui (erroneamente) vida somente ao animal e não às plantas.
- Outra questão que podemos levantar é referente ao sistema de segurança dos aeroportos que, apesar de toda a tecnologia, muitas vezes não conseguem identificar o tráfico de animais e plantas que ocorrem com freqüência dentro dos terminais aéreos. Ao mesmo tempo, toda esta tecnologia, que também pode ter gerado muita destruição de animais e plantas (para limpar o local, extrair matéria-prima para a construção) não está em evidência - ou seja: não "enxergamos" que, apenas de usarmos os aeroportos, já podemos estar contribuindo muito para a extinção de espécies...
- Por fim, destacamos o uso da mulher na campanha. Dá a entender que só mulheres, por causa da sua vaidade, compram objetos confeccionados com a matéria-prima animal, e contribuem assim com o tráfico de animais.
Podemos concluir, depois de todos os pontos levantados, que a imagem utilizada na campanha é impactante, buscando conscientizar a população atingindo, principalmente, o emocional de cada um. Por exemplo: uma pessoa pode adquirir um utensílio (produto, objeto) produzido através matéria-prima animal, mas só irá pensar nas consequências do seu ato, depois que ver um rastro de sangue deixado pela sua nova aquisição.

Isadora Vasques, Josiane Barcelos Dutra e Mayara Schmitt

terça-feira, 10 de maio de 2011

ANÁLISE DE PROPAGANDAS DA COCA-COLA

INCENTIVO CONSUMISTA?




















A primeira fórmula do produto que hoje conhecemos como Coca-Cola, surgiu em 1884 por John Pemberton, posteriormente passando por diversas transformações, já que no princípio tratava-se de uma bebida que continha álcool. Em 1894, foi vendida pela primeira vez em garrafas de vidro e hoje é distribuída e consumida mundialmente. Naquela época, a Coca-Cola era vista como algo que deveria ser consumido. Havia várias propagandas que afirmavam que ela era tão saudável como a água pura, e como a empresa já tinha conquistado grande parte da população e seu prestígio ia aumentando, o incentivo ao consumo era cada vez maior. O que também levou ao consumismo como vemos hoje, é que as pessoas não se preocupavam se aquela bebida poderia fazer algum mal, pois não tinham acesso a informações, como por exemplo, as tecnologias para estudar por completo esse produto.
Nas imagens, podemos perceber que o refrigerante é visto como algo essencial. A primeira imagem é de uma propaganda da Coca-Cola de 1896, na qual se enfatiza um efeito no alivio da exaustão e a cura da dor de cabeça. Ela retrata uma mulher com expressões sérias e um copo dessa bebida, comparando-a com um remédio, o que atualmente pode ser pensado como um grande erro. Ao mesmo tempo, a coca-cola é um refrigerante cheio de cafeína, que entre outras coisas é um estimulante e vasoconstritor, podendo realmente aliviar o cansaço, como diz na propaganda. Atualmente, alguns remédios para dor de cabeça usam a cafeína combinado a um analgésico, pois ela ajuda a melhorar a circulação, aliviando dores de cabeça associadas a processos inflamatórios. Por ser uma das primeiras imagens coloridas da época, o anúncio apresenta cores fortes e chamativas, com contraste, a fim de atrair a atenção do público.
A segunda imagem traz uma vaca caracterizada como a “produtora” da Coca-Cola, como se essa vaca produzisse este “leite”. Uma das construções atuais de nossa cultura seria a de que o leite de vaca é algo quase indispensável na nossa alimentação, algo fundamental em nosso dia-a-dia. Por tautologia, assim também seria a coca-cola, exibida na imagem.
Apesar das duas propagandas mostrarem somente os benefícios da Coca-Cola, tais como citados anteriormente, silenciam que o refrigerante pode prejudicar a saúde e o que o consumo excessivo pode causar ao longo prazo, como por exemplo, a perda de cálcio e fósforo por conter ácido fosfórico. Apresenta também riscos para quem é portador de doenças crônicas como diabetes e hipertensão (pela enorme quantidade de açúcar e cafeina presentes na fórmula). 
Hoje, a Coca-Cola é vendida em mais de 200 países e a cada ano conquista um número maior de consumidores. Seus slogans sempre mostraram que ao beber esse produto a vida ficaria mais feliz, como por exemplo, “Sempre Coca-cola”, “Viva o lado Coca-Cola da vida” e “Gostoso é viver”. Já se tornaram rotineiras as propagandas em copas mundiais e comerciais de Natal. Na televisão, revistas e jornais anunciam o produto mostrando pessoas em momentos alegres e saltitantes; brinquedos, copos e outros objetos de coleção espalham pelo mundo a marca do refrigerante. De modo geral, podemos perceber que as duas imagens pretendem induzir a população ao consumo contínuo desse produto, como se trouxesse somente benefícios para a saúde funcionando como um remédio e resolvesse os problemas corporais.

Autoras: Débora Brand, Francielle Ferreira, Isabel Brandalise e Josiane Wolff

ANÁLISE DE IMAGENS REFERENTES A ESTÉTICA E BELEZA

A DITADURA DO CONSUMO DA IMAGEM EM DETRIMENTO À SAÚDE E À CULTURA



















Valesca Popozuda (foto de cima). Adriana Lima, Candice Swanepoel e Alessandra Ambrósio (foto de baixo).


Até que ponto seremos manipulados por conceitos de beleza pré-estabelecidos?
Podemos observar meninas muitas vezes magras por natureza, trabalhando como modelos. Até então, nenhum problema, não fosse pelo fato de algumas, nem tão magras assim, porém inicialmente saudáveis, sujeitarem-se a deixar de comer, tornando-se até mesmo doentes para alcançarem padrões de medidas impossíveis. Isso se torna mais absurdo ainda se considerarmos o Brasil e outros países em desenvolvimento, nos quais, enquanto muitos morrem de fome, outros optam por não comer, simplesmente para “fazer parte” de um modelo estético. Muitos destes padrões são supostamente impostos para a vida profissional de algumas mulheres, mas acabam ditando o padrão a ser seguido por todas as mulheres.
Por outro lado, temos as chamadas “popozudas”, mulheres que colocam implantes de silicone em diversas partes do corpo, tornando-se criaturas até mesmo grotescas, para chamarem a atenção, enquadrando-se em um outro tipo de padrão. Há que se considerar o fato de que esse padrão no Brasil pode ser visto como um estímulo às mulheres brasileiras para aceitarem suas curvas, seus corpos, uma forma de resistência aos padrões europeu e estadunidense, importados para cá e influenciadores de vontades e desejos de "se ter corpos assim". Mas ele também pode se tornar um problema, quando começam os exageros: valorizar as curvas já não é mais suficiente. É necessário aumentá-las e torná-las gigantescas, sobre-humanas.
Se levarmos em consideração a onda fútil que assola o mundo de hoje e, um pouquinho de cada cultura que formou a nossa, mutilar ou transformar o corpo é algo culturalmente construído. Sempre aconteceu de uma forma ou de outra. E não haveria de fato um grande problema nisso. O que ressaltamos é quando isso se torna doentio, onde nada parece ser bonito ou aceito antes da passagem de um bisturi.
Não estamos criticando o estilo de ser de cada um, apenas observando como os valores, a nosso ver, estão deturpados. Será mesmo preferível consumir padrões de beleza como se vivêssemos em eternas vitrines? Não seria melhor, ao invés disso, consumirmos cultura? Podermos nos destacar pelo ser, pela intelectualidade, por algo realmente permanente? Infelizmente o que permeia a generalidade da sociedade atual é o consumo em seus diversos aspectos.

Amanda Formehl & Cláudia de Souza Aguiar

ANÁLISE DE UMA IMAGEM DE UMA PROPAGANDA PUBLICITÁRIA SOBRE HOMOSSEXUALIDADE

Humanitarismo ou Apenas Mais um Golpe de Marketing?



"A orientação sexual não é uma escolha."


Ao nos depararmos com textos, folders e imagens que lidam com o tema homossexualidade, nos vemos diante de clichês e ideias batidas sobre o assunto. Com a Grife NO-LI-TA não foi diferente. Contudo ao trazer em sua campanha o tema “A Orientação Sexual não é uma Escolha”, seu grande diferencial foi a forma de abordagem.
Utilizando a mídia fotográfica para passar, de maneira surpreendente, a mensagem sobre o tema, a Grife expõe um bebê recém nascido – símbolo de pureza, fragilidade e inocência -, com uma pulseira de identificação utilizada em maternidades para que não se percam ou se troquem os bebês. Essas pulseiras trazem os nomes dos recém-nascidos que são escolhas dos pais. Contudo na propaganda, ao invés do nome do bebê tem-se escrito “Homossexual”, o que leva a pensar que a homossexualidade é uma escolha, uma escolha de alguém e não necessariamente do bebê, o qual nem pode se pronunciar sobre o assunto. Mostrar às mães e aos pais a possibilidade desses terem filhos homossexuais é outro impacto que a utilização dessa pulseirinha pode causar.
Uma visão mais histórica encontra-se apagada neste texto de publicidade. Atualmente em nossa sociedade, uma referência mais comum de "normalidade" seria o indivíduo heterossexual e, por isso, ninguém se pergunta o motivo de ser hétero. Contudo numa outra sociedade, como na Grécia Antiga, ser homossexual fazia parte do contexto de normalidade. A ideia de orientação sexual não era concebida como identificador social entre os antigos gregos, e o comportamento homossexual ocorria normalmente entre indivíduos do sexo masculino, pouco se sabe sobre a homossexualidade entre as mulheres – até porque essas não eram vistas como cidadãs. Além do gênero dos indivíduos, é importante lembrar que essas relações aconteciam entre um moço jovem e um homem mais velho que assumia o papel de ativo, o que nos leva a pensar que na Grécia Antiga, o que chamamos de pedofilia, atualmente, também era comum. E nessa sociedade, não se pensava se a homossexualidade era escolha ou não, pois não havia motivos para isso - era "normal".
Junto a isso, a propaganda foi lançada na Toscana, Itália, em frente a uma população predominantemente Católica. “Sede Fecundos (Crescei), Mutiplicai-vos” (Bíblia, Gênesis, Capítulo 1, Versículo 22).  O Catolicismo e outros Grupos Religiosos condenam que o ato sexual ocorra sem o sentido de procriação. Segundo estas orientações não se deve fazer sexo por prazer, para satisfazer as nossas “tentações mundanas”. Pensando dessa forma, o sexo só pode acontecer entre indivíduos de sexos diferentes, pois indivíduos de mesmo sexo não poderiam procriar entre si (ainda!). Conclusão: a homossexualidade é, segundo estes preceitos que regram a vida de vasta população mundial, condenável e não se encaixa nos padrões de normalidade citados anteriormente. Nesse sentido, a propaganda trabalha para mostrar aos religiosos e demais que não deveria existir um padrão de normalidade quando à sexualidade.
A Grife quis se apresentar a favor da causa daqueles que defendem a homossexualidade como algo natural ou genético e de mostrar à população que a convivência com homossexuais deve ocorrer de forma igualitária. Porém serão esses os únicos objetivos? Segundo Everardo Rocha (2005), anúncios são vendidos indistintamente, assim um dos objetivos de uma empresa, quando vende um produto, é vender a imagem da empresa. E inflamar discussões que vão de encontro a um tema conservador é uma excelente forma de voltar os olhos à Grife NO-LI-TA.

Fontes:
Site Wikipédia – Artigo “Homossexualidade na Grécia Antiga”: http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade_na_Gr%C3%A9cia_Antiga (Acesso em 27 de junho de 2011)
Site “Italia Oggi” – http://www.italiaoggi.com.br/not10_1207/ital_not20071028c.htm (Acesso em abril de 2011)
ROCHA, Everardo. Animais e Pessoas: as categorias de natureza e cultura nos anúncios publicitários. Alceu: Revista do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, Rio de Janeiro, v.6, n.11, p.19-40, jul./dez., 2005. Semestral.
BÍBLIA Sagrada: Tradução da CNBB. 6. ed. Brasília: CNBB, --. 1563 p.


João Francisco Souza
Maria Paula de Azambuja de Ávila
Vitor de Amorin Gomes Rocho