Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

quinta-feira, 23 de junho de 2011

ANÁLISE DE UMA NOTÍCIA SOBRE MOSQUITO TRANSGÊNICO

Bahia testa mosquito transgênico antidengue

Pelas ruas de terra do bairro de Itaberaba, em Juazeiro (BA), um carro com dois pesquisadores para a cada cem metros. Um deles desce e destampa um pote de onde saem cerca de 500 mosquitos Aedes aegypti, o transmissor da dengue. A cena se repete há três semanas e, até julho, a expectativa é de que sejam liberados 33.000 machos por semana. Depois, a ação subirá para 50.000 a 100.000 mosquitos por semana.
A "pulverização" de mosquitos foi repetida 22 vezes há duas semanas. O ritual faz parte de um projeto científico que causa expectativa na administração pública da saúde. "Se der o resultado esperado, podemos reduzir de maneira expressiva os números da dengue", avaliou o coordenador do projeto, Danilo Carvalho. "Não há dúvida de que o projeto é promissor", afirmou o diretor do Complexo Industrial e Inovação em Saúde do Ministério da Saúde, Zichy Moyses.
Mosquito transgênico - A chave dessa esperança está no mosquito solto no ambiente: é uma espécie transgênica que produz filhotes que morrem antes de chegar à vida adulta, quando podem transmitir a dengue. Na prática, a ciência patrocina o sexo entre mosquitos que geram filhotes incapazes de espalhar a doença. O ideal é que haja dez machos transgênicos para cada macho selvagem.
A estratégia é semelhante à usada em outras parte do país para combater a drosófila, a mosca da fruta: machos estéreis são liberados para disputar com a espécie selvagem a oportunidade de cruzar. Para o macho de laboratório ficar estéril, ele é exposto a radiação, o que não se consegue com o Aedes aegypti. “Por isso, recorremos à técnica transgênica”, diz a coordenadora do projeto, Margareth Capurro, bióloga da Universidade de São Paulo.
Desenvolvido na Universidade de Oxford, o mosquito transgênico carrega material genético da drosófila. Em laboratório, são alimentados com ração de peixe e, para fêmeas adultas, sangue. Na fase de ovos, todos recebem tetraciclina, o que permite completar o ciclo de vida prematuramente.
As fêmeas, as únicas que picam os humanos e transmitem o vírus da dengue, ficam em laboratório para novos cruzamentos. Para que não haja risco de serem liberadas, são adotadas duas medidas de segurança. A primeira é uma separação num túnel escorregador em forma de funil. Como as fêmeas são maiores, não ultrapassam certa faixa da descida. Há outro processo de separação, desenvolvido pela Oxitec, empresa incubadora da Universidade de Oxford. "Depois, é feito um controle de qualidade com lupas e microscópio", explica Andrew McKeney, técnico da Oxitec que está no Brasil para acompanhar a pesquisa.
Cinco bairros - Liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança em dezembro, o trabalho em campo teve início em fevereiro. Na primeira etapa, foram feitos lançamentos menores, para avaliar o comportamento do mosquito de laboratório no meio ambiente. Foram checadas a distância que o mosquito era capaz de percorrer e sua capacidade de sobrevivência.
A experiência ocorrerá por 18 meses em cinco bairros de Juazeiro. A escolha do local, diz Margareth, foi facilitada pela proximidade com a Biofábrica Moscamed, entidade ligada ao Ministério da Agricultura que já produzia moscas estéreis.

Link: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/bahia-testa-mosquito-transgenico-antidengue
Análise
O tema trangênicos foi abordado em sala, com enfoque na área da agricultura, por isso, buscamos trazer um exemplo de um animal geneticamente modificado, sobretudo de um animal com grande importância para a saúde pública nacional e internacional, já que o Aedes aegypti é transmissor da dengue e da febre amarela.
Antes de começar a análise, vamos por à tona uma questão: as relações entre humanos e outras espécies que possam prejudicar seus hábitos. O ser humano busca o equilíbrio em sua vida - pessoal, profissional etc. Durante sua jornada, muitos aspectos entram em cena, atuando sobre este equilíbrio, e, nesta análise, discorreremos um pouco a respeito da interação homem-mosquito. Devido à transmissão de diversos patógenos, nós, seres humanos, tentamos nos proteger dessas enfermidades, ora combatendo os vetores, ora nos nutrindo propriamente, ora promovendo o nosso bem-estar, proporcionando-nos felicidade, prazer, alegria. Entretanto nem sempre conseguimos evitar a presença dos vetores de doenças que acometem a espécie humana, pondo-nos de prontidão para aniquilá-los a qualquer custo, nem que com isso desencadeemos a sua extinção. Sobre esse ponto, ficam as reflexões: nós não conseguiríamos viver em harmonia com a presença desses vetores? Como vivíamos há séculos atrás? Não seria nosso modo de vida atual que está afetando o ciclo natural dos mosquitos (lixo/comida, água parada), oferecendo-lhes melhores condições de vida?  Não seria mais eficiente investir na prevenção ou na educação sobre o ciclo de vida do mosquito? Nossa visão antropocêntrica (aquela que coloca a espécie humana no centro de tudo) se perpetuará ao ponto de extinguirmos outras espécies (o que já está acontecendo!)? Temos que, outrossim, pensar no bem-estar e na sobrevivência de nossa sociedade, que continua evoluindo (ou será involuindo?) junto com tudo e todos ao seu redor, além de métodos para melhorar nossa qualidade de vida e de toda biota em que estamos compreendidos.
A biotecnologia hoje é realmente uma arma muito poderosa dos cientistas, para combater pragas ou doenças que podem virar epidemia e ameaçar a saúde de uma população inteira de uma localidade ou mesmo de um país. Ao mesmo tempo, pode ser produzida para causar destruição – armas biológicas, bioterrorismo.
Caso típico da biotecnologia com vistas ao combate de doenças, foi desenvolvido nesta experiência com mosquitos transgênicos antidengue, onde pudemos observar a experiência coordenada pela doutora cientista do projeto, Margareth Capurro, bióloga da Universidade de São Paulo.
Muito embora a coordenadora tenha ido buscar ajuda na universidade de Oxford desenvolvido pela Oxitec, empresa incubadora da Universidade de Oxford, podemos considerar um avanço para a solução desse problema que afeta a população brasileira. Fica aqui a nossa ignorância a respeito de outras experiências que por ventura pesquisadores do nosso próprio país estejam desenvolvendo. Contudo se levarmos em conta a urgência do caso, podemos justificar a recorrência a outro meio científico externo e dispendioso.
Ao observamos este artigo, podemos nos perguntar quanto dinheiro será investido e quem pagará por isso, tanto na produção científica como no pagamento de patentes, já que se trata de um serviço que afeta diretamente alguns ramos do governo.
Assim como os transgênicos vegetais, surgem algumas dúvidas quanto à biossegurança dos mosquitos geneticamente modificados (GMs): foram os testes suficientes em relação ao tempo de pesquisa? Seria o teste nesses bairros considerado ético e adequado? Há a possibilidade de uma contaminação biológica se tratando dos genes modificados? Qual seria o resultado de uma ‘super’-mutação sofrida pelo Aedes? Quais as consequências da picada dos mosquitos GMs para o ser humano em longo prazo? Em suma, os testes foram o bastante para nos trazer e garantir segurança?
Vale ressaltar, que os mosquitos GMs são estéreis, portanto é necessária a reintrodução periódica destes ao ambiente juntamente com um acompanhamento do número de indivíduo e da evolução da espécie para um controle efetivo.
Será que a reportagem é imparcial? Sabemos que é difícil ser imparcial, mas no ramo jornalístico, para se produzir uma boa reportagem, a parcialidade há de ser evitada, buscando sempre transmitir a notícia de modo o mais imparcial possível, mesmo que isso não seja possível em todas as vezes. As duas faces da moeda devem ser exploradas, mostrando-lhes os prós e contras. As empresas relacionadas na reportagem interferiram de algum modo ($ - financeiro) na elaboração da mesma? Houve omissão de dados? São algumas de muitas reflexões possíveis que devemos nos fazer ao nos depararmos com uma notícia vinculada às grandes mídias.
A dengue tem trazido muitas mortes, causando muita tristeza para os familiares das vitimas, além do que causa pânico na população levando as autoridades a investir muito dinheiro e tempo para encontrar a solução do problema e lançando um grande desafio a ciência principalmente ligada à saúde.
Em contrapartida, adotando-se este método descrito na reportagem, temos a ideia de que será possível controlar a população do vetor de transmissão destas doenças, as quais, mais uma vez, acarretam problemas à saúde pública. Portanto, a partir da leitura do texto, cria-se a expectativa da possibilidade de diminuir as taxas de transmissões ou mesmo eliminá-las de certa população ou região. Além disto, os mosquitos GMs são uma alternativa para complementar o combate diário ao mosquito, que foi vencido pela boa adaptação deste à presente sociedade. Sem falar nos gastos aos cofres públicos que seriam poupados à saúde, caso o experimento fosse um sucesso, e que poderiam ser repassados a outros setores como educação, saneamento ou mesmo em outras áreas da saúde. Ou ainda poderia ser usado para sanar as dívidas do próprio experimento, já que não são mencionados quais são os valores embutidos em todo esse processo.

           Para mais informações sobre o assunto seguem alguns links.
Resumos de artigos:
Mosquitos geneticamente modificados: possíveis aplicações no controle da transmissão de malária e dengue: http://www.bv.fapesp.br/pt/projetos-jovens-pesquisadores/3719/mosquitos-geneticamente-modificados-possiveis-aplicacoes/
Desenvolvimento de metodologias alternativas no controle de mosquitos (Diptera: Culicidae) de importância epidemiológica: uso do método ridl (liberação de insetos carregando um gene letal dominante): http://www.bv.fapesp.br/pt/projetos-jovens-pesquisadores/3997/desenvolvimento-metodologias-alternativas-controle-mosquitos/

Daniel Cruz, Edna J. Lopes, Luiz Carlos Pereira e Yaná Jinkings de Azevedo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ANÁLISE DE UM VÍDEO DE UMA PROPAGANDA PUBLICITÁRIA SOBRE SÍNDROME DE DOWN



O vídeo se refere a uma campanha contra o preconceito à Síndrome de Down. Nele, observamos duas crianças brincando em um carrossel, uma criança tem Síndrome de Down e outra não, acompanhadas por legendas dizendo que Carlinhos pode fazer várias coisas, enquanto seu amigo não.
Este vídeo relacionado ao preconceito relacionado à Síndrome de Down busca nos revelar nosso próprio preconceito. Ele nos conduz a pensar que o Carlinhos é a criança que não tem Síndrome de Down, já que ele pode fazer várias coisas, partindo do pressuposto de que grande parte de nossa sociedade acreditaria que ele não estaria apto a fazer quase nada, já que, ao final do vídeo, descobrimos que Carlinhos é o menino com síndrome de Down. Os produtores do vídeo já esperam nossa surpresa, chamando nossa atenção ao apresentar as crianças - “Ei, este é o Carlinhos”. Esse pensamento de que o Carlinhos é a criança sem a Síndrome também é induzido pelos autores através da forma que as legendas foram escritas, pois elas sempre começam falando o que o Carlinhos faz algo, posicionadas à esquerda, sendo que a criança que está à esquerda é a que não tem a síndrome.
A respeito da edição do vídeo, apesar de as crianças estarem sorrindo e se divertindo, este aspecto foi enfatizado pela manutenção do cenário fixo e fazendo “closes” em suas atitudes. Os autores também construíram o vídeo usando apenas tons de cinza com uma música lenta, o que faz passar uma mensagem de tristeza. A música também, apesar de no nosso país poucas pessoas terem a oportunidade de entender a língua inglesa, nos faz refletir bastante a respeito de que ninguém é igual, mas apesar disso sempre tentamos ficar parecidos com um modelo que a sociedade acha que é o ideal.
Os meninos estão brincando um com o outro sem problema algum, como se não vissem ou não se importassem com a diferença entre eles. Isso para reforçar a idéia de que preconceito é uma atitude adulta. Mas será que realmente é?
Os autores souberam passar muito bem a mensagem, pois é difícil encontrar pessoas que não se impressionem ao saber quem é o Carlinhos e ao se impressionarem refletem sobre seu próprio preconceito, que é o objetivo da campanha, pois segundo eles se uma pessoa com Síndrome de Down não conseguiu fazer algo, foi porque não a permitiram que fizesse. Este preconceito pode ser comparado ao preconceito a pessoas com alguns tipos de diferenças físicas (paraplégicas, surdos-mudos...) ao acharmos que elas não podem fazer nada sozinhas...

Equipe: Luiz Martins G. Neto, Samuel A. da Fonseca , João Fernando S. Rocha e Thiago Nunes.