Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Ciência de quem e para quem?

  Altamente motivadas por uma palestra que assistiram, as alunas Kathleen Hames, Mariana Kominkiewicz, Mariana Ughini e Vanessa Prass decidiram tecer o seu trabalho em volta de uma temática com tons profundos, onde elas exploraram a história por trás da ginecologia, tratando como a ciência pode ser uma ferramenta ou uma arma que se comporta com a vontade de quem a faz. Elas questionam o custo do progresso e quem é privilegiado pelo mesmo, enquanto outras pessoas que tiveram papéis importantes são desconsideradas. Elas decidem apagar o nome do homem, cujo detém o título de “pai da ginecologia” e exaltam as mulheres que foram agredidas por esse progresso. Em outra página de sua colagem, elas trazem uma alusão em comparação como o óvulo sempre é tratado como passivo no processo de fecundação e o espermatozóide ser tido como o ativo, tal como as cientistas mulheres geralmente são excluídas da ciências e o sucesso é atribuído aos seus parceiros de trabalho homens. 






    Já os estudantes Dyonatha Jose da Silva, Lucas Zanchetta, Raquel
Toaldo Baretta e Vinícius Siqueira Frasson decidiram mergulhar o seu trabalho na temática sobre a ganância de homens que utilizam o capitalismo como pretexto para uma exploração extrema dos recursos naturais do nosso planeta. Junto do texto, eles também produziram uma colagem para expressar o tema visualmente. 


    “A imagem é um reflexo da interação da indústria com o meio ambiente: uma relação

tóxica e agressiva, seguindo os preceitos do capitalismo, que é um sistema que

perpetua a exploração, inclusive em relação aos meios naturais. Porém, ao contrário

do pensamento da maioria das pessoas, a discussão sobre a exploração do meio

ambiente é mais complexa do que a generalização de que todas as ações humanas

possam interferir da mesma maneira em relação ao meio ambiente, pois afinal das

contas, quem realmente está por trás disso, por qual motivo, a que custo e para quais

fins?

Muitos argumentos a favor da exploração da natureza vem de uma perspectiva

burguesa que usa a escassez como justificativa, um exemplo disso é a destruição de

reservas ambientais para “moradia”, ou a criação de novos campos para fins

agropecuários, que visa o “aumento” da indústria alimentícia. Mas sabemos que no

final das contas isto são falácias; se precisamos de novos campos para a produção de

alimentos, por que existem tantos latifúndios? Se precisamos de moradia, porque

existem tantas obras sem locação ao mesmo tempo em que tantas pessoas habitam

as ruas? Por que o índice de pessoas que vivem em situação de miséria aumenta

proporcionalmente em comparação ao índice de bilionários no mundo?

Para pensarmos na exploração do meio ambiente, precisamos olhar para a sociedade

na qual estamos inseridos, e precisamos refletir sobre a cultura burguesa que se

instaurou nela, pois a exploração continuará enquanto existirem aqueles que pensam

que pode não haver consequências, pois, como disse uma vez o cacique Seattle,

“quando a última árvore for cortada, o último rio secar e o último peixe for pescado,

eles vão entender que dinheiro não se come”, pois o meio ambiente é nosso principal

tesouro e ele não pertence a ninguém, nós que pertencemos a ele.” 


Os alunos Daniel Perez, Jamilli Nogueira, Murilo Below e Thays Vieira invocam a valorização dos saberes indígenas e questionam o alcance da saúde pública para a população em geral. Também refletem sobre como as indústrias podem se apoderar de um bem tão importante para a vivências das pessoas e geram um lucro exacerbado em cima de um item essencial para a vida de muitos. Essas indústrias tomam para si os saberes de populações indígenas, apagam as suas origens e vendem como sua propriedade. Os alunos produziram um texto e uma colagem que visam despertar conhecimentos para esse apagamento. 



“Medicina de quem? Diariamente, todos nós consumimos uma diversidade de substâncias e drogas para fins medicinais. É quase inimaginável que, em nossa sociedade urbanizada, não haja uma farmácia na esquina para comprar um remédio. Contudo, apesar de sua constância na vida de tantas pessoas, raramente paramos para refletir sobre as origens desses compostos. Este trabalho de colagem visa provocar questionamentos acerca da invisibilidade a qual os povos originários e seus conhecimentos estão submetidos. Representantes dos detentores de saberes ancestrais do uso de plantas medicinais, importantes lideranças indígenas como Sônia Guajajara, Alice Pataxó e Cacique Aritana Yawalapiti, além de espécies vegetais macela (Achyrocline satureioides), pata de vaca (Bauhinia forficata), quebra-pedras (Phyllanthus urinaria), cardo-mariano (Silybum marianum) e garra do diabo (Harpagophytum procumbens), encontram-se sobrepostas à indústria farmacêutica que funciona em um sistema de produção que valoriza a geração de lucro ao mesmo tempo que descredibiliza e subjuga a existência e os conhecimentos dos povos originários.”


As alunas Ana Paula Suhr, Isadora Silva Antunes e Larissa Akemi abandonaram as fronteiras das costumeiras e tradicionais formas de divulgação científica, tais quais os artigos, para dar voz a outras formas de expressar ciência. Utilizando exemplos próximos a nós, como Fritz Müller e o ilustrador Leandro Lopes, elas trazem poesias, ilustrações e mídias sociais para o universo científico, ampliando as formas de disseminar ciências e fazer com que ela alcance pessoas fora do meio acadêmico. 




Na tentativa de abrir os olhos das pessoas para a cegueira botânica, os alunos João Schneider, Leonardo Paulo, Maria Clara e Nicoly Schelbauer D'Oliveira dão vida, fala e histórias à plantas brasileiras, muitas delas que moram na UFSC! Com criatividade, eles dão voz àqueles que não podem falar e contam a própria história dessas plantas. 






Não são apenas os dados, mas também a vivência de cada pessoa que possui um órgão reprodutor feminino que sabe como o seu prazer é negligenciado por toda a sociedade. Enquanto diversas formas de mídia enaltecem o prazer masculino, o femino acaba por ser imensamente ignorado. Buscando formas de trazer um debate a toda, as alunas Esther B G Schubert, Julia W Romão, Mariana C Melo, Vanuza Z Perin e Yasmim C Ramos trazem o Clitóris como o protagonista de uma cartilha de educação sexual repleta de informação que joga luzes sobre aquele que constantemente é tão friamente ignorado. 






Caindo na imersão das comunidades quilombolas, os estudantes Mariana Carvalho, Izaias dos Santos, Apolo Alecrim, Leonardo Wolf e Stanley Miole buscam a merecida visibilidade para essas comunidades. Trazendo todo o enaltecimento e reverenciando o conhecimento dessas pessoas. Para tratar sobre o assunto, eles construíram um vídeo, que pode ser acessado em https://youtu.be/NJqvtmgfnbY, que explicam conceitos da comunidade e trazem a incrível vivência da dona Jucélia. 





A produção de artefatos que demonstram a reflexão humana

  Ao longo do semestre, diversos temas foram apresentados aos estudantes para refletirem sobre conceitos que já pareciam tão normalizados para eles, mas que ao questionarem esses conceitos, produziram trabalhos que mostram que todas essas questões podem ser muito mais complexas quando são inquiridas. 

Pensando em unidades de conservação como temos hoje, os estudantes José Carlos Martini Filho, Larissa Müller, Larissa Domingues Guizzi e Marya Helena de Sousa Ramos refletiram sobre o uso dos espaços: por que é tão comum o pensamento de que a melhor forma de preservar a natureza é extinguir todos os humanos daquele espaço natural? O próprio ser humano não faz parte da composição? Para demonstrar que pode ser que esta subtração não faça sentido, eles trouxeram o exemplo de como comunidades indígenas povoam e ajudam na manutenção dessas áreas de forma positiva, contribuindo para a preservação e reduzindo as chances de invasão com pretexto de desmatamento e uso daqueles recursos rurais. 



As espécies invasoras têm sido alvo de discussão há um certo tempo na comunidade científica, mas não somente alvo de discussão, como também de controle e caça legalizada. Apesar da grande bagagem de problemas que essas espécies trazem, Daniele explorou outros conceitos que demonstram como um problema para a natureza pode ser uma forma de encher o bolso de dinheiro de alguns. Também existe a problematização de transformar um ser vivo em um inimigo, que esse ódio aliado a desinformação pode se transmutar numa tsunami capaz de afogar até mesmo espécies nativas morfologicamente parecidas com as invasoras.







A constituição alega por diversos direitos, mas não são poucas as dificuldades que permeiam a nossa mente quando pensamos na vida de uma pessoa possuidora de deficiência. Estradas irregulares, catracas, falta de espaço. Sensibilizadas, as estudantes Catarina, Geovana e Victoria produziram uma colagem que desperta os anseios por uma comunidade mais acessível. O grupo também realizou um pequeno texto para expressar as suas ideias: “Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, cognitiva entre tantas outras, quantas vezes percebemos o quanto o espaço deles foi recusado ou inviabilizado? Dentre os locais, um dos mais essenciais: o escolar. A falta de acessibilidade seja por dificuldade de locomoção ou carência de profissionais capacitados ainda é uma situação alarmante. Nosso intuito é que voltemos nosso olhar para essa comunidade, que possamos nos mobilizar para uma integração da melhor maneira possível, a fim de criar uma sociedade igualitária e inclusiva.”





Alguns conceitos sempre são apresentados de uma forma muito semelhante, como se fosse criado dentro de uma caixinha. Dentro da comunidade científica, não é diferente com a evolução. Darwin, criado em um sistema capitalista e exploratório, via a evolução como tal: a competição e a seleção natural geram o início de novas linhagens de espécies. Já Kropotkin, que nasceu em um sistema socialista e possuía uma imagem de união e compartilhamento, propôs que a interação entre as espécies gerou a especiação. Para explicação destes conceitos, os alunos José Henrique dos Santos, João Victor Alves Pedrozo, João Miguel da Costa Manso e Paulo Henrique da Rocha Dias desenvolveram um fofo quadrinho e um texto: 




“EVOLUÇÃO DAS ABELHAS (DARWIN): De acordo com Darwin as abelhas com características favoráveis a produção de alimento como, por exemplo, cerdas em suas patas, tiveram mais sucesso evolutivo do que as demais, porque dessa forma elas conseguiam carregar pólen para as colmeias que acabavam servindo por produção energética delas, porém isso caracteriza uma evolução isolada sem pensar nas outras espécies envolvidas


EVOLUÇÃO DAS ABELHAS EM CONJUNTO COM AS FLORES (KROPOTKIN): Já de um ponto de vista mais voltado para Kropotkin, em concordância também com Darwin, mas adicionando o ponto do mutualismo entre as espécies, as plantas e as abelhas evoluíram de forma mútua onde as plantas mais coloridas e com maior disposição de néctar e pólen sobrepõe-se sobre as outras, uma vez que as abelhas mais adaptadas, com mais cerdas nas patas, por exemplo, conseguem carregar o pólen das plantas e acabam dessa forma realizando uma maior polinização, mostrando então que em conjunto elas são mais eficazes, portanto ele se diferencia de Darwin nesse sentido onde ele vai dizer que não é só uma questão evolutiva isolada das abelhas nesse exemplo, e sim uma evolução mútua.”


O tema aborto ou eutanásia tem sido recorrente em diversas rodas de conversa, contudo como é extremamente difícil chegar em um consenso sobre opiniões em uma sociedade, os estudantes Maria Eduarda Guimarães, Antônio Felipe dos Santos e Giovana Ramos foram atrás de uma possível definição de onde começa e onde termina a vida. Apesar da ciência ser composta por pessoas e diferentes pessoas possuírem diferentes visões, eles trouxeram questionamentos que evocam pensamentos e reflexões. Afinal, como ter certeza de onde surge a vida? E como ter certeza que ela acabou? Quem define esses prazos? 



Você já se inquiriu do que antes existia embaixo de um pedaço de asfalto? Ou dos prédios que o rodeiam? A infinidade de diversidade que antes poderia permear aquele espaço que um dia fora uma área permeada de árvores. Com esse pensamento em mente, a estudante Thauni desenvolveu um texto em busca da reflexão de como estamos manejando e transformando o espaço ao nosso redor. 

“Inicialmente olhando par o ambiente em que nos encontramos, uma ilha, rica em diversidade de biomas e espécies, algo que vejo e o mau uso dos espaços ao qual nós também fazemos parte.

Motivado por nossas riquezas de biomas e espécies, Florianópolis vem tendo grande foco para o comércio turístico, que vem para conhecer nossas lagoas, praias, trilhas, dunas....

Porém nossa população não estão visando o real motivo desse movimento turístico e estão acabando com nossos biomas. Nossa lagoa está morrendo. 

Aqui um dos nossos cartão postal é a Lagoa da Conceição, que a décadas esta sendo poluída pela própria comunidade. Vemos o governo escondendo as verdadeiras razoes das poluições e gostaria de abrir os olhos da população usuária a estimular a preservação e julgar os órgãos competentes(ou incompetentes).

Um dos poluentes foi a invasão biológica dos pinos, trazidos na década de 2000 e distribuídos a comunidades. Inicialmente usados para fixação das dunas, porem  tendo em vista seu caráter dominante, estão matando nossa mata nativa e além disso, sua dispersão ao longo da orla trouxe impacto também na saúde da nossa lagoa, através da resina que o pinos solta no solo e escoam na lagoa contaminando milhares de espécies de peixes e crustáceos que correm a beira por falta de oxigenação na água.

Outro fator poluentes é a falta de saneamento básico. Além do escoamento inapropriado do comércio local como restaurantes e pousadas burlando a fiscalização sanitária com escoamento de esgoto direto na lagoa. A Casan, empresa responsável pelo saneamento junto com o governo vem acobertando o mau uso do nosso bioma. Escoando os dejetos da população em lugar inapropriado, desembocando em um buraco nas dunas o esgoto de todo o leste da ilha. Posteriormente após grande quantidade de esgoto acumulado, transbordou e escoou diretamente para lagoa, deixando ainda mais poluída e imprópria para banho não só a lagoa como o canal da barra e as praias próximas deste trecho como barra da lagoa, praia mole,praia do moçambique...

O nosso governo tendo em vista o lucro com o turismo, colocou erroneamente placas de própria para banho.”


A nossa sociedade já é repleta de padrões estéticos que resultam em distorções das visões das pessoas sobre si mesmas, muitas delas em buscas de corpos que sequer existem, resultados de cirurgias e modelagens feitas em programas de computador. O uso de anabolizantes não é recente, contudo parece ter ganhado ainda mais uma assustadora força nos últimos anos e o fato de que competições, como o fisiculturismo, que implicam na comparação direta de corpos, esconderem informações sobre um competidor fazer uso ou não de anabolizantes, desencadeiam um inevitável perigo para a saúde mental das pessoas ao redor, sendo tentadas a fazerem uso dos anabolizantes. Os estudantes Amanda Braga, Henrique Santos e Tobias Vieira desenvolveram uma cartilha informativa sobre o uso desses esteróides. 



A busca por inclusão é cada vez mais frequente nas escolas, embora ainda possa parecer que estamos tão longe de um sistema completamente abrangente. Enquanto a acessibilidade possa parecer projetar algo exclusivo para uma pessoa possuidora de deficiência, causando uma exclusão dela na interação com outras pessoas, a aluna Alice Nunes Carvalho desenvolveu um projeto para abraçar a deficiência visual e torná-la uma atividade enriquecedora para toda uma turma de alunos: um projeto tridimensional de um poliqueta, para que não apenas o aluno que tem alguma deficiência aproveitar, mas se sentir incluído pois está inserido em uma atividade que todos estão imersos.





Não são poucas as imagens horrendas que compõem as embalagens de cigarro, trazendo diversos alertas para quem o consumir; no entanto, por que o cigarro é a única droga lícita que possui uma propaganda tão adversa? Pensando nas consequências tão tensas que o álcool pode trazer e, mesmo sendo uma droga lícita, não possui uma propaganda do mesmo teor que o cigarro, os discentes Maria Eduarda Roman, Maria Luiza Martins, Dilan Petter e Vinicius Kaufmann desenvolveram alertas para serem colocados em bebidas alcoólicas, tal como é feito com o cigarro. 






“Políticas proibicionistas são aplicadas a uma grande gama de substâncias, se demonstrando ineficazes e extremamente caras, principalmente relacionadas na chamada "guerra às drogas", mas a livre utilização de tais compostos, em muitos dos casos, também demonstra riscos à saúde dos usuários, seus familiares e a sociedade em geral, como será discutido no presente texto, com foco nas bebidas alcoólicas.

        O álcool é uma substância que está presente em grande parte das relações sociais entre adultos, sendo um composto socialmente aceito, não desperta em muitos as preocupações necessárias relativas a seu consumo, podendo causar problemas de saúde, familiares ou sociais devido ao consumo em excesso.

        Na saúde do indivíduo, pode levar a problemas no fígado, no sistema nervoso central, no sistema cardiovascular além da possibilidade de acidentes, devido aos efeitos psicoativos do álcool, podendo levar a atitudes violentas, que representam um risco de violência familiar.

        Para amenizar tais efeitos, não buscamos propor uma proibição, como ocorrido nos Estados Unidos no início do século XX, onde tais medidas levaram a um agravamento de diversos problemas sociais, mas propor uma conscientização da população, por meio de um acesso facilitado a informações sobres seus riscos, e baseados nas imagens de advertência das cartelas de cigarro, buscamos criar rótulos mais informativos para às embalagens de bebida alcoólica.”

Apesar de geralmente a ciência ser tratado como algo puro, certeiro e livre de influências, sabemos que ela é um conhecimento cultivado por seres humanos e humanos são mutáveis em sua essência. Com esse conceito em mente, é difícil cravar uma dicotomia entre cultura e ciência, como se fossem incompatíveis. As alunas Raissa Alves, Triscia Lima, Francielli Maria S. e Paula Beatriz G desenvolveram habilidosamente esculturas que permeiam a ciência e demonstram a junção entre ela e a cultura, conectando-os com sensibilidade. 

    






Para entender a trajetória de um estudante que possui deficiências visuais pela UFSC, os estudantes Isabella de Souza Ribeiro, Lauren Venâncio Feliciano, Nicollas de Souza Oliveira e Rodrigo Ferreira Santana decidiram viver esse papel e andar pela universidade, deparando-se com diversas dificuldades que atrapalham a vivência de qualquer indivíduo com deficiência. Com sinais táteis falhos, potencialmente perigosos e que terminam até mesmo em um bueiro, eles lhe convidam para assistir um vídeo produzido por eles e a imergir em uma diferente realidade. O vídeo pode ser conferido em:

https://www.youtube.com/watch?v=hDtS3mEdEVk&ab_channel=IsabellaRibeiro

O florescer de novas ideias que brota com o desnaturalizar conceitos

  Desde criança é comum que nos sejam entregues conceitos prontos e, com uma curiosidade provinda da infância, é comum enchermos os outros de perguntas do porquê o mundo funciona dessa forma; no entanto parece que muitas vezes, quando crescemos, perdemos parte dessa curiosidade e não refletimos mais sobre conceitos nos apresentados e passamos a naturalizar tudo o que vemos pela frente. Há casos de assédio no lugar onde trabalha? Homens são assim mesmo ou se mulheres recebem menos, qual o problema? Houve um caso de racismo próximo a você, mas antes não era pior? Casais não-heterossexuais escondendo a sua relação? Você sabe que na época do seu avô não existiam essas “coisas”. Por vezes, levamos tudo no automático e nos esquecemos de questionar o que se sucede ao nosso redor e quebrar esses conceitos que parecem tão comum podem ser até chocantes; porém se é chocante para uma pessoa perceber o quão erradas são essas frases, imagina para quem sente todas essas adagas na própria pele.      Em uma tentativa de resgatar a curiosidade de como o mundo e a sociedade funciona, os alunos do semestre 2021.2 foram incitados a questionarem o que lhe era comum e a produzirem a sua visão sobre o que aprenderam.      Invocando belas palavras através da poesia, os discentes Sabrina Carvalho Suominsky, Polliana Luisa Boff, Natália Lourenço de Oliveira e Vicenzo Albiero Dallazen trataram sobre a beleza e a diversidade presente em cada ser humano. Usando conceitos que falam sobre a estrutura básica e comum de todas as pessoas da nossa sociedade, como átomos, elétrons e (por mais mágico e distante possa parecer para alguns) de poeira estelar. Por mais que às vezes possamos parecer tão diferentes (e de fato somos), ainda é válido lembrar que não há superioridade em qualquer indivíduo já que todos somos um amontoados de células. 

Os estudantes Jonathan Vós, Larissa Schmidt e Lucas Costa trouxeram através de uma linha do tempo o questionamento sobre como os conhecimentos científicos são mutáveis. Conceitos que antes eram consolidados e tidos como verdade absoluta passaram a se tornar uma ideia inconcebível através do passar do tempo. Se antes era tão certeiro que a terra era plana, hoje mais se assemelha a uma chacota para alguns; no entanto, o que será dito no futuro como mentiroso, o que hoje temos como verdade tão bem estabelecida? 




As alunas Isadora Coppio da Costa , Monique Moraes Cadini e Thais Helena Machado trazem a beleza da diversidade em forma de poema. Críticas ao nosso cruel modo de vida fazem parte do coração do texto em que retrata a nossa sociedade em busca de uma perfeição inalcançável e inexistente que exclui as próprias pessoas e faz elas se sentirem desconectadas no próprio corpo. O seu poema também possui como alvo os livros didáticos de biologia, onde esses que deveriam ser aqueles que possuíssem mais representatividade e diversidade em seu conteúdo, não passa de mais um material que retrata o corpo humano como algo padronizado, onde há um conceito de perfeição, como pele branca, olhos e cabelos claros, corpo esguio. Logo na biologia, onde a diversidade faz parte da evolução e a imperfeição abre novos caminhos, novas linhagens e novas espécies. Se tudo fosse padronizado e igual desde o começo da vida, talvez hoje não passaríamos de seres procariontes. Também foi produzido um vídeo recitando o texto, que pode ser acessado em: https://youtu.be/W7sacrEzw94.

Em seu artefato, Livia retrata uma questão que sempre lhe perdurou: como encarar o argumento genético utilizado para sustentar questões transfóbicas? Não é recente que a ciência vem sendo utilizada como ferramenta para inferiorizar outros seres humanos e conceitos que nos parecem tão distantes e brutais como a eugenia, ainda são perigosamente insistentes em nossa sociedade. Utilizar o sistema sexual heterogamético de XY tem feito graça na língua de pessoas transfóbicas que acham plausível deslegitimar outras formas de vivência e se gabam de “conhecimento científico”; contudo a ciência é completamente mutável, afinal ninguém é conhecedor pleno da natureza e de como o mundo funciona, por isso estamos sempre aprendendo. Incomodada com essa atitude transfóbica, Livia trás argumentos que demonstram como a diversidade é biológica, tal como as outras meninas fizeram anteriormente. 



Com tantos questionamentos acerca do modo de vida que possuímos atualmente, as alunas Camila Pedersen Zeilmann, Camila Souza Pedro, Elizabeth Eny Gusmão Tarouco e Sofia Assunção Castro trazem uma colagem com diversos temas que foram abordados durante o semestre e, apesar de não existirem respostas concretas e consolidadas, as questões para desnaturalização foram levantadas: porque só há formas de se pensar em respostas quando as perguntas forem feitas primeiro. No primeiro quadrante, há a representação de Alexandra Elbakyan, a criadora do Sci-Hub, e as inquirições sobre o porquê a ciência é tão privada e destinada a certos grupos de pessoas, monetizando informações que devem ser cientes a todos que quiserem saber sobre. No outro quadrante, há o  cacique Raoni Metuktire, levantando as bandeiras do conhecimento de povos indígenas que por muitos é ignorada ou usurpada. A seguir, o texto retratado pelas estudantes sobre o próprio trabalho: “De Alexandra Elbakyan no Cazaquistão até cacique Raoni Metuktire no Brasil, a ciência causa impacto e a verdade desconhece fronteiras. A academia por outro lado inventa e  impõe padrões, barreiras, limites e preconceitos. Derrubando a pseudo-perfeição arcaica de um homem vitruviano, abrimos alas para a as possibilidades da diversidade.

Como disse Oyèrónké Oyewùmí, em seu estudo ‘Visualizando o corpo: Teorias Ocidentais e Sujeitos Africanos’: “A lógica cultural das categorias sociais ocidentais é baseada em  uma  ideologia  do  determinismo  biológico:  a  concepção  de  que  a  biologia  provê  a racionalidade  para  a  organização  do  mundo  social.  Assim,  essa  lógica  cultural  é  na verdade  uma  “bio-lógica”.  Categorias  sociais  como  “mulher”  são  baseadas  no  corpo  e são  construídas  em  relação  e  em  oposição  a  outra  categoria:  “homem”;  a  presença  ou ausência de certos órgãos determina [nesse caso] a posição social”.



Até onde os passos da sociedade humana podem se estender?

  Você já parou para pensar se todos nós pagamos o mesmo preço para viver? É comum irmos às prateleiras de mercados e vermos algumas variações de preços entre alguns produtos, parecendo que todo mundo paga praticamente o mesmo por ele; contudo o que as estudantes Ana Beatriz Bauer e Amanda Cristina demonstram é que esse valor pode ser cobrado de uma forma bem diferente, já que quando falamos sobre aquecimento global, todos os seres humanos parecem ser culpados igualmente. Nesses dados, é revelado como podemos estar pagando por muito mais do que consumimos, enquanto aqueles que mais consomem não pagam o mesmo preço.



O avanço da tecnologia tem levado o ser humano a cometer atos inimagináveis e os discentes Davi, Natália e Natasha decidiram por pensar qual seria o limite até quais a tecnologia poderia continuar a avançar eticamente. Com o título de “Arte Transgênica”, eles questionam até que ponto é saudável chamar uma manipulação gênica de um ser vivo e consciente de arte, sem ter certeza até que ponto isso poderia ser prejudicial para aquela vida. Explorando outros campos em que a arte pode se estender, como crenças e tecnologia, eles convidam o leitor a imergir nesses futuros avanços da tecnologia.

        




Ainda se expressando através de genes, os discentes Murilo e Nathan trazem os seus questionamentos em forma de uma arte realista de um cão da raça "pug", famoso por suas dificuldades de respirar e prolongamento de palato mole por conta do formato braquicefálico do seu focinho, fruto de apenas um desejo estético daqueles que queriam um cão “mais fofo”. Com a frase “Eu apenas quero respirar”, eles impõem como a o querer estético sobrepõe cruelmente questões essenciais para a vida do cão, como apenas respirar.


Através de uma colagem, os alunos Beatriz Chitolina, Erdeson Faria Mello, Júlia Poggio Lângaro e Marina Lanças, eles despertam a beleza da individualidade humana e trazem o conceito de individualidade coletivo, onde cada um sendo diferente do seu jeito compõem um coletivo de pessoas. Apesar de todos serem diferentes, ainda formam uma união, pois todos são pessoas.

        



  Vacinas se tornaram um grande enfoque nos últimos anos e, dentre tantos os assuntos que a permearam, a estudante Marilia de Moura Zamora Costa trouxe o caso do veganismo: já que vacinas ainda são testadas em animais. Como um movimento que luta pelo bem estar de todo ser vivo dentro do possível, Marilia visa trazer conceitos de que há formas de vacinas serem mais seguras e sem a necessidade de sacrificar a vida de animais inocentes. Tal como a sociedade, a ciência é constantemente mutável e Marilia defende que a também é esperado o mesmo para as vacinas. 








Há conceitos tão enraizados em nossa mente que até mesmo é difícil de percebê-los, afinal as raízes costumam ficar embaixo da terra, escondidas, e para vê-las, precisam ser arrancadas. Falas racistas e homofóbicas estão enraizadas em parte dos costumes de nosso país, desencadeadas por uma trajetória sanguinária e cruel que perdurou durante séculos. O aluno Pedro Villar Biancão desenvolveu uma história em quadrinhos para tratar sobre essas raízes tão fortemente agarradas ao passado do nosso país.

“Acompanhe a criação do personagem Helsão, um São Paulino, quase velho, hipócrita, entendido, mas estúpido. Branco e com cabelo enrolado foi criado em um mundo de brancos e questiona sobre a branquitude e política presente em seu entorno, acompanhado sempre de seu amigo George, estiloso e desentendido, acabam demonstrando em suas conversas, às vezes sem noção, como o racismo, machismo e homofobia estão escondidos e enraizados em diversas culturas.”

  

      A discente Bruna Peixer trás o drama de uma dicotomia, onde o ser humano empenha dois papéis trágicos: como dominador ou destruidor. Talvez seja narcisismo pensar no ser humano como protagonista nas duas teorias, mas o que a Bruna trás é que ambas as ideias podem ser extremistas demais. Parece absurdo pensar em humanos como os dominadores do mundo, aqueles que sentam no topo da cadeia alimentar, pois o é. Fazemos parte de um ciclo ecológico, onde depois de mortos até as baratas nos consomem (seres que geralmente soam tão inferiores). Já a outra questão nos trás como o próprio apocalipse, aqueles que estão destruindo o mundo e devem ser expurgados. Como a natureza poderia abominar um ser que é fruto da sua própria existência? Somos resultados de interações ecológicas e fazemos parte desse ciclo natural e biológico. 
    

Em uma releitura genial da música “Que País É Esse?”, as discentes Júlia da Costa Hillmann, Laura de Sá Fioretti e Stefana Baumgarten desenvolveram um vídeo e canção para questionar os desastres ambientais e a impunidade que permearam os acontecimentos em Brumadinho e Mariana. Sabemos que diversas questões políticas moldam o nosso país e descontentes, elas trazem o questionamento de que país é esse que não é capaz sequer de proteger o próprio território e culpabilizar os responsáveis por esses desastres que mancham o solo, rasgam os rios e ceifam o nosso ecossistema.

    



Em seu artefato, Willyan Jhoseph e Celia Caroline trazem a importância da disseminação de informações, que às vezes ficam retidas na comunidade científica. Essa retenção por vezes impede as pessoas de saberem qual a melhor decisão tomar para si próprias e acabam optando por aquela informação que recebem primeiro, que por vezes pode ser uma notícia falsa. 

    



Através da proposta de uma nova pirâmide alimentar, os discentes Gabriela Dias Claumann, Brayan Correa, Eduarda Lopes de Oliveira e Luiz Renato Callescura Lopes demonstram como o veganismo pode ser a chave para um novo estilo de vida mais acessível e saudável para a população, ainda mais quando a nossa realidade demonstra preços exorbitantes para os produtos de origem animal. Eles demonstram que o veganismo é uma alternativa que pode permear os campos de monocultura com outros tipos de plantações que se aliem ao nosso ecossistema e integre as sociedades humanas à um contato mais próximo com o solo e a terra. Confira o texto produzido por eles:

    "O veganismo, para além de uma forma de se alimentar, ele é considerado uma filosofia de vida e um movimento político que não compactua com nenhuma forma de exploração animal, seja para fins de alimentação, vestuário ou entretenimento. Previamente, devemos apresentar as duas principais vertentes: o veganismo liberal e o veganismo popular. Por outro lado, será englobado, em um breve contexto histórico, uma discussão acerca das pirâmides alimentares.


O veganismo liberal, por sua vez, entende que a causa vegana é mero hábito de consumo, visto que mantém sua lógica de produção e exploração; mas desta vez unindo os consumidores aos seus produtos industrializados e nem sempre saudáveis. Em contraposição ao veganismo liberal, o veganismo popular acredita que comer é um ato político, e por isso defende o fim do especismo e do capitalismo, luta pela libertação animal e fomenta a soberania alimentar; reduzindo os impactos ambientais da agropecuária.


A primeira pirâmide alimentar surgiu em 1992 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos com o objetivo de atuar como guia alimentar para a população, estimular uma alimentação mais saudável e assim prevenir doenças. Em 1999 ela foi adaptada pro Brasil, por pesquisadores da Universidade de São Paulo, nessa nova versão ela possuía alguns alimentos regionais e mesmo com novas adaptações ela manteve um padrão característico até os dias de hoje. Sendo assim:


1º andar - carboidratos

2º andar - frutas e legumes 

3º andar - fontes de proteínas (derivados do leite, carnes, peixes)

4º andar - doces e gorduras 


Esse modelo ficou tão popular que  passou a ser usado em livros didáticos escolares e está presente até hoje. A escola é com certeza um local de formação, e criação de hábitos do indivíduo, foi por esse motivo que nós desenvolvemos uma pirâmide alimentar não tradicional, vegana que mostra uma outra possibilidade para a alimentação saudável, completa com todos os nutrientes e que também colabora com a preservação do meio ambiente. 


Ao tirar os animais do nosso prato, contribuímos para desacelerar os impactos ambientais causados pela agropecuária e a exploração animal, como também colaboramos para a nossa saúde, conforme afirma relatório da OMS (2015): “O consumo de carnes processadas, como salsicha, linguiça, bacon e presunto, aumenta o risco de câncer do intestino em humanos”.


Nesse projeto as mudanças mais significativas ficaram no terceiro andar, onde as proteínas e os derivados do leite foram substituídos por outras versões veganas, a nossa ideia é mostrar que existem outras possibilidades para obtenção de proteínas não somente as tradicionais.


Dessa forma, busca-se, por meio da ilustração e do texto apresentado, desconstruir a ideia de que o veganismo é inacessível, mostrando que é possível trocar os alimentos industrializados pelos alimentos naturais e de origem vegetal. Vale ressaltar que, a partir dos grupos representados desta pirâmide alimentar, a alimentação vegana pode suprir todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do nosso corpo.


Alimentos representados na pirâmide alimentar vegana, da esquerda para direita:

Primeiro andar, carboidratos: Pão, Croissant, mandioca, trigo, arroz, milho e batata;

Segundo andar, frutas e verduras: Araçá, maçã, pêra, kiwi, banana, abóbora, abacate, berinjela, cenoura, guaraná, pimentão, melancia, mamão e morango;

Terceiro andar, proteínas: quinoa, feijão, tofu, amêndoa, semente de chia, amaranto, grão de bico, brócolis, couve, amendoim, lentilha, soja e leite vegetal;

Quarto andar, doces e gorduras: Bolo (vegano), brigadeiro (vegano), paçoca e azeite de oliva."


Como a ciência é mutável e já foi diferente do que hoje conhecê-los e futuramente será ainda mais desigual, as alunas Fernanda Peverari, Jasmim Vasques, Maria Clara Rocha e Letícia de Couto tratam sobre um passado científico onde mulheres negras eram utilizadas como cobaias para experimentos científicos. Manifestando o questionamento de por quem a ciência é feita e para quem, elas construíram uma música que aborda diversos temas que permeiam a forma como a ciência pode ser brutalmente empregada. Você pode conferir a letra da música a seguir: 


Quem diria o que pode florescer

De um útero em sangue

 

É uma coisa meio abstrata

Quando a imortalidade se instala

Quando a vida toma os caminhos

E se recusa a desistir

 

Quando uma mulher tem seu poder em voga

Se torna uma entidade

Uma ferramenta biológica

 

Quem diria o que poderia florescer

De um útero em sangue

 

Imortal 

Henrietta

 

Células 

Milagrosas

Salvaram, salvam e salvarão

 

Sobrevivem fora do corpo

Infinitamente

Para todo sempre

 

HeLa 

 

Ninguém deu permissão

Lhe foi arrancado um pedaço

O câncer lhe tomou a essência, intromissão

E a vida cessou num traço

 

No único recinto em que sentiria-se segura

Roubaram sua matéria

Sem possibilidade para sua cura

 

Henrietta foi esquecida

Por tanto tempo

E sua família coagida

A dar também um pedaço de si

 

Daquela peça mercadológica

Foram geradas tantas possibilidades de vida

Tantos milhões

Mas me parece que Henrietta continua esquecida

 

Ao passo em que as partes da Henrietta viajavam o mundo

A família dela continuava a mesma nas plantações de tabaco

 

Henrietta Lacks era

Mulher, negra, periférica

Trabalhadora, cinco filhos para cuidar

 

Já não bastava a dura vida

Foi atingida

O câncer a pegou 

 

Aos 30 estava internada

E aos médicos confiava

Sua vida e sua história

 

Mal ela sabia

O que acontecia

Enquanto ela dormia

 

Lá no hospital

Sem dar nenhuma permissão

Tiraram um pedaço seu

 

Estudando perceberam

Que suas células eram

Resistentes, diferentes, imortais

  

Mal ela sabia

O que acontecia

Enquanto ela morria

 

Seu corpo precioso

Lhe fora roubado, patenteado

E vale milhões e vale bilhões

  

É uma morte que se doa

Uma matéria distribuída em toneladas

Crescendo incessantemente

Criando meios para uma cura

 

É iminente

A célula se divide

Ao dispor da ciência

Para encontrar uma maneira

De evitar com que a doença nos entrelace

 

Cientistas, médicos, pesquisadores

Enviaram para lá e para cá

Um pedaço de Henrietta

 

Será que não pesa

A consciência da ciência

Será que não sente

A senciência da ciência