Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

terça-feira, 10 de maio de 2011

ANÁLISE DE IMAGENS REFERENTES A ESTÉTICA E BELEZA

A DITADURA DO CONSUMO DA IMAGEM EM DETRIMENTO À SAÚDE E À CULTURA



















Valesca Popozuda (foto de cima). Adriana Lima, Candice Swanepoel e Alessandra Ambrósio (foto de baixo).


Até que ponto seremos manipulados por conceitos de beleza pré-estabelecidos?
Podemos observar meninas muitas vezes magras por natureza, trabalhando como modelos. Até então, nenhum problema, não fosse pelo fato de algumas, nem tão magras assim, porém inicialmente saudáveis, sujeitarem-se a deixar de comer, tornando-se até mesmo doentes para alcançarem padrões de medidas impossíveis. Isso se torna mais absurdo ainda se considerarmos o Brasil e outros países em desenvolvimento, nos quais, enquanto muitos morrem de fome, outros optam por não comer, simplesmente para “fazer parte” de um modelo estético. Muitos destes padrões são supostamente impostos para a vida profissional de algumas mulheres, mas acabam ditando o padrão a ser seguido por todas as mulheres.
Por outro lado, temos as chamadas “popozudas”, mulheres que colocam implantes de silicone em diversas partes do corpo, tornando-se criaturas até mesmo grotescas, para chamarem a atenção, enquadrando-se em um outro tipo de padrão. Há que se considerar o fato de que esse padrão no Brasil pode ser visto como um estímulo às mulheres brasileiras para aceitarem suas curvas, seus corpos, uma forma de resistência aos padrões europeu e estadunidense, importados para cá e influenciadores de vontades e desejos de "se ter corpos assim". Mas ele também pode se tornar um problema, quando começam os exageros: valorizar as curvas já não é mais suficiente. É necessário aumentá-las e torná-las gigantescas, sobre-humanas.
Se levarmos em consideração a onda fútil que assola o mundo de hoje e, um pouquinho de cada cultura que formou a nossa, mutilar ou transformar o corpo é algo culturalmente construído. Sempre aconteceu de uma forma ou de outra. E não haveria de fato um grande problema nisso. O que ressaltamos é quando isso se torna doentio, onde nada parece ser bonito ou aceito antes da passagem de um bisturi.
Não estamos criticando o estilo de ser de cada um, apenas observando como os valores, a nosso ver, estão deturpados. Será mesmo preferível consumir padrões de beleza como se vivêssemos em eternas vitrines? Não seria melhor, ao invés disso, consumirmos cultura? Podermos nos destacar pelo ser, pela intelectualidade, por algo realmente permanente? Infelizmente o que permeia a generalidade da sociedade atual é o consumo em seus diversos aspectos.

Amanda Formehl & Cláudia de Souza Aguiar

4 comentários:

  1. O grupo foi feliz em sua colocação quando diz "consumir padrões". O numero de procedimentos estéticos cresceu muito, principalmente no Brasil (2º lugar no ranking mundial). Avaliando os casos nos deparamos com duas situações criticas: A primeira, no caso das 'popozudas', 'mulheres-frutas' e 'ex-bbb' nos traz a tona o fato da supervalorização do corpo. Não acredito que essas mulheres tentam enquadrar-se em um padrão, mas sim, conseguirem espaço no mídia e, sem nada relevante pra mostrar, decidem que 'ser gostosa' é a melhor maneira de vender sua imagem.. e o pior é que isso se concretiza, vide site EGO e afins, com suas noticias de subcelebridades fazendo permuta em clinicas de beleza em troca de manchetes. Mais triste ainda é o povo acessar e dar 'ibope' pra essa 'venda de corpo'.
    No outro lado temos as modelos, cada dia mais magras e se assemelhando mais a 'cabides' (e sofrendo as reais consequencias disso, tendo em vista o constante consumo de drogas e casos de anorexia, bulimia e anemia que as cerca), para que consigam mais campanhas e vendam mais produtos, juntamente com um padrao de beleza que é inventado pela mídia e não é saudável.
    E essa é a palavra chave. Nesse tipo de vida ninguem se interessa.. ter saude, ser feliz, auto-imagem e aceitação.

    Anna Luiza, Karine e Felipe.

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  2. Vivenciamos uma época onde a sociedade nos impõe um estilo de beleza, estipulando padrões cruéis. Isso submete as pessoas a situações onde acabam desrespeitando o próprio corpo, chegando ao ponto de mutilar e privar-se das necessidades básicas para o funcionamento do mesmo.
    Em nosso dia a dia podemos observar o quanto esses padrões afetam a vida, principalmente dos adolescentes que estão na fase de inserção social. Um exemplo é o número de meninas que acabam no hospital devido a distúrbios alimentares como a bulimia e anorexia. Esse tipo de rotulação acaba influenciando os jovens na busca de fazer parte do modelo de beleza estipulado pela mídia.
    Tais padrões são responsáveis pela exclusão de quem não os segue, levando os indivíduos a esquecerem a importância do que realmente é essencial para a saúde e para o relacionamento com os outros.
    Débora Brand, Francielle Ferreira, Isabel Brandalise e Josiane Wolff.

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  3. O grupo está correto sobre os aspectos abordados. Hoje a busca pela "beleza ideal" realmente criou um exército de mulheres e homens(!) neuróticos sem um pingo de juízo. Mulheres excessivamente magras ou excessivamente "popozudas" são hoje os modelos dessa beleza tão almejada. Mas o esse extremismo é mesmo belo? Hoje o Brasil é o país que mais consome supressores de apetite em todo o mundo, o mesmo país em que há gente passando fome por falta de opção possui tbm aquelas que passam fome por falta de auto aceitação. Isso criou um mercado que move milhões em função da estética, realmente a energia e o dinheiro gastos na indústria da beleza não deveria ser direcionado para questões mais pertinentes? De fato as pessoas deveriam se preocupar mais com instrução e conhecimento do que com as loucuras do mundo da moda, e para de agir como se estivesse curando o câncer enquanto inventam um novo estilo de salto. Um quesito que foi esquecido é o halterofilismo que prende as pessoas às academias em busca do tônus perfeito eliminando toda e qualquer gordura do corpo e hipertrofiando os músculos para exibição, e no caso das mulheres acabando com a sutileza natural delas e as aproximando da estrutura física de um touro. Assim chega-se à questão: O que foi feito do conceito de beleza?

    (Grupo: Antonio Ganzer, Sabrina Lehmkuhl, Natalia Fabris)

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  4. Respondendo um pouco à última questão do comentário do Antonio, Sabrina e Natalia, creio que o conceito de beleza não seja algo único... ele se diversificou muito, talvez não atendendo tanto quanto gostariam os biólogos, às prescrições biomédicas que instituem o que é ou não saudável... talvez como forma de resistência a estes discursos, os humanos continuem fazendo com seus corpos aquilo que desejam, seja para se adequar à multidão, seja para se destacar em meio a ela. Brincamos e mutilamos nossos corpos por estarmos imersos nas diversas culturas que nos determinam de um jeito ou de outro, ou outro, ou mais outro. Eu diria até que as “popozudas” constituiram um movimento de libertação da mulher brasileira dos padrões que eram antes provenientes dos naite esteites e zoropas, que denominavam bonitas as mulheres esbeltas... aí sempre as brasileiras redondas saíam na desvantagem... rsrsrsrsr. Ao mesmo tempo, é claro, que podemos ver os efeitos que alguns padrões naturalizados em nossa sociedade como ideais provocam nas pessoas: o corpo-máquina que deve não comer, mas dançar a noite toda, beber a noite toda, continuar sem olheiras, com cabelo bonito e pronto para a próxima, funciona para poucas pessoas. Para a grande maioria, as marcas desagradáveis do alcoolismo associado à anorexia e bulimia são mais reais... ou a sempre ausente auto-estima, que nos determina a aceitar qualquer coisa para nos integrar, ou para sermos notados... e o quanto é difícil, apesar de no discurso, racionalmente, compreendendo que isso tudo é menos importante do que nosso “bem estar conosco mesmo”, não sentirmos vontade de ser/ter estes corpos-máquina, ou algum outro esteriótipo não contemplado aqui nas fotografias...
    Mas, indo um pouco mais além das contribuições da análise e de seus comentários, temos também uma ideia muito forte nessas imagens: a de que a mulher sempre é colocada pela indústria e propaganda como mercadoria de consumo. As mulheres ainda estão sendo vendidas (não suas imagens para outras mulheres comprarem) como produto a ser consumido pelos homens. São raríssimos os programas ou anúncios que expõem os homens desta forma, como carne no açougue, para que as mulheres os comprem. E, se são expostos, quase nunca estão nus, quase nunca como produto a ser consumido para o sexo. Às mulheres, frutas ou não, é delegado o papel de agradar os homens. Vemos estas imagens em quase todos os programas de TV: meia-dúzia de bailarinas de biquíni, “animando a festa” ao fundo do auditório. E é algo que nos parece tão natural, que nem notamos, ou achamos normal mesmo, pois “imaginem se fossem homens nus ali, que horror”! Como se nós, mulheres, fôssemos mesmo destinadas a ser samambaias, que ficam ali expostas, sem pensar, apenas corpos nus enfeitando uma esquina. Um banquinho para um homem apoiar seu copo... isso pra mim é mais perigoso do que eu fazer o que quiser com o meu corpo. Pois enquanto banquinho, eu tenho que fazer o que eles querem...
    Creio que esta discussão possa ser incluída nas análises, bem como as sugestões dos comentários... fora isso, ótima escolha e ótima discussão. Comento um pouco mais sobre as imagens de mulher na análise da propaganda de bombril. Confiram.

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