Escolhemos para análise a musica Camila Camila da banda Nenhum de Nós.
Com uma letra impactante e de fácil memorização, com um ritmo rock estilo balada, que se transformou no maior sucesso da banda, os seus integrantes quiseram trazer ao público sua postura sobre um tema que há vinte anos atrás estava começando a ter um pouco mais de atenção. Milhares de mulheres sofriam de violência e não tinham a quem ou ao que recorrer.
As frases metafóricas de sentidos variados nos permite interpretar a música de várias maneiras. Mas os integrantes da banda mesmo dão a interpretação da música, a razão por que a escreveram e a inspiração no site oficial da banda (www.nenhumdenos.com.br). Eles dizem que precisavam expor sua indignação com relação às mulheres que se deixam passar por agressividades de maneira passiva e também sua indignação com os homens que agridem essas mulheres.
Lendo isso fica claro o que cada frase da música diz, dá pra sentir o pesar e a dor da “Camila” com toda aquela situação. O tom de pesar, porém suave da voz de Thedy Corrêa, dá um ar de drama muito característico e providencial ao contexto da música.
Camila, Camila
Composição: Carlos Stein / Sady Hömrich / Thedy Corrêa.
Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
A “noite de festa”, festa para quem? Nessa frase mostra claro o sofrimento da mulher depois de uma noite de abusos e violência.
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação
Aqui mostra uma característica comum entre mulheres violentadas: a justificativa, como por exemplo, “ele estava bêbado, não sabia o que estava fazendo”, ou “a culpa foi minha, eu não devia ter feito ou dito aquilo”, ou então “eu mereço isso”.
Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Nesse trecho retrata novamente a noite de violência que nem sempre precisa ser de noite, pode ser a qualquer hora do dia.
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora...oh...
O desespero é retratado com o pedido de o agressor ir embora.
Camila, Camila
O clamar pelo nome da vítima pode ser interpretado como uma tentativa de chamar a moça a acordar, a pedir ajuda, a se libertar.
Eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
Nessa parte, temos a caracterização da mescla de sentimentos de ódio e medo, de saber que um simples olhar pode trazer conseqüências terríveis. E o ódio que por vezes pode ser interpretado vindo da vítima, com ódio do seu agressor, ou do próprio agressor que sentindo tanto ódio independentemente do motivo, não vê o que faz e destrói aos poucos a vida de outra pessoa.
A lembrança do silêncio daquelas tardes
Daquelas tardes
A lembrança do silêncio naquelas tardes, mostra o sofrimento calado, escondido.
A vergonha do espelho naquelas marcas
Naquelas marcas
As marcas, as cicatrizes da violência e do sofrimento, a vergonha de se olhar no espelho, de sair na rua, a tentativa de, ao estar de frente do espelho, encontrar justificativa para que aquilo tudo tenha acontecido.
Havia algo de insano naqueles olhos,
Olhos insanos
Os olhos que passavam o dia a me vigiar, a me vigiar... oh...
Aqui, a frase se auto-explica, falando da insanidade, da perda de razão, os olhos de quem já não sabe o que faz, mas mesmo assim o faz. Os mesmos olhos que vigiam que controlam e impõem medo e submissão.
Camila, Camila, Camila
Camila, Camila, Camila
E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer
Aqui novamente encontramos a submissão, o aceitar sem lutar, sem fugir, sem gritar.
Pode se dizer que a época em que a musica foi escrita, e por conseqüência acabamos contextualizando ela nesse período, no final dos anos 80, a mulher não tinha a quem recorrer, o sofrimento ia existir de qualquer forma, calada ou não, então pela vergonha acabavam por sofrer calada. Mas essa música transcende época, ela é super atual e tentamos entender como alguém, que tem a quem recorrer, tem a quem pedir ajuda, que pode se sentir segura novamente e seguir sua vida sem medo ainda abaixa sua cabeça para tudo e deixa as coisas acontecerem.
E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer
Camila, Camila, Camila
Camila, Camila, Camila.
Quantas Camilas mundo afora dizem ser essa a sua música sem fazer idéia do teor melancólico e trágico até de seu conteúdo. Quantos artistas dedicam essa musica as Camilas também sem saber da história por trás da musica. É interessante como a falta de conhecimento sobre de que se trata a música traz interpretações diversas.
Algumas interpretações que encontramos e que podem servir de exemplo são essas:
“Não está claro que Camila é um homossexual que o estava perturbando em uma festa? e Tedy como intelectual que "era" colocou de uma forma enigmática, subentendida por preconceitos à época.”
“Pra mim é só uma música sobre adolescência, como outras tantas.”
“acho que ela fala sobre drogas... é uma letra estranha...”
“Eu acho que Camila foi um amor não correspondido. Alguém que o compositor amou muito, talvez uma amiga próxima. Certamente Camila tinha um namorado que deixava marcas (que poderiam ser de amor ou de dor); o compositor tinha ódio e desejava que ele fosse embora (talvez até morresse?). Tímido e com apenas 17 anos ele baixava a cabeça para não ver Camila nos braços do outro, que devia ser um tipo cafajeste.”
Esses são alguns exemplos de como uma música como esta pode ser interpretada, podemos contextualizá-la nos dias atuais e pensar em possibilidades como anorexia, ou então com depressão, até mesmo a insatisfação e a vergonha de não se encaixar nos padrões de estética e padrões sociais.
Como dissemos antes essa música usa de frases metafóricas, podendo ter centenas de interpretações. Cabe a cada um de nós darmos o sentido à ela, mas podemos usar o que foi pré-estabelecido como ferramenta didática para trabalhar esta música, com uma letra impactante, por ser um hit e de grande receptividade entre jovens, como instrumento sobre o assunto em aulas de educação sexual. Alertar orientar e conscientizar moças e rapazes.
A própria banda traz uma solução para o problema, a libertação da violência e do medo. Trazem esta parte da história em outra canção chamada Fuga, a música já tem notas e uma letra mais suave, um tom de liberdade e alívio. Com um ritmo mais alegre, traz a personagem se libertando do seu agressor. Thedy conta no encarte do álbum acústico e ao vivo 2, que essa música é sim o final da historia, ou o recomeço. Não se pode esquecer desse lado, da solução do problema, deve ser apresentado junto, para que o contexto fique completo.
Fuga
Composição: Thedy Corrêa
Nunca mais vai estar em casa
E Nada será igual
A mudança, a decisão de que tudo vai ser diferente a partir desse momento.
Olhava as pessoas em volta
E Ninguém podia Ajudar
Nas ruas, ou em algum lugar qualquer, num abrigo amigo, na casa da família, não importa, ninguém consegue entender o que ela passou e ninguém pode efetivamente ajudar para que toda dor e sofrimento passem.
Tinha o fogo em suas mãos
E dentro de si o medo
O fogo do ódio, da revolta ou até de um possível crime, e o medo de passar por tudo aquilo de novo, o medo de ser encontrada.
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou!
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
O olhar para trás, o pesar e a revolta, e a decisão de fugir, de sumir, sem deixar rastros, começar uma vida nova sem dor e sofrimento.
Tudo em volta parecia um sonho
Nada fazia sentido
E Nada será igual
O silêncio das paredes Esperava
O silêncio Esperava
Olhar para os lados e saber que não existe nada a temer, que tudo vai ser diferente a partir desse momento, isso tudo deixar de ser sonho deixa a pessoa meio perdida desnorteada, sem saber o que fazer, mas com a certeza de que tudo será diferente. O silencio das paredes esperando quer dizer que agora tudo depende dela, que o silencio espera sua decisão de como serão as coisas desse momento em diante.
Então Adeus é mais que um pensamento
Então Adeus Palavra Triste
O adeus deixou de ser uma vontade pra se tornar a realidade, e a palavra triste se torna sua libertação se torna o inicio de sua felicidade.
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
Aqui se reforça a idéia de rever o que se deixou para trás e correr atrás da sua vida de felicidade.
Fontes de textos analisados:
Camila Camila
Album: Nenhum de Nós – 1987
Fuga
Álbum: Cardume - 1989
http://www.nenhumdenos.com.br/
BIANCA RODE PETRY, MARCELA POSSATO CORREA DA ROSA e MIRIAN FELIX
Com uma letra impactante e de fácil memorização, com um ritmo rock estilo balada, que se transformou no maior sucesso da banda, os seus integrantes quiseram trazer ao público sua postura sobre um tema que há vinte anos atrás estava começando a ter um pouco mais de atenção. Milhares de mulheres sofriam de violência e não tinham a quem ou ao que recorrer.
As frases metafóricas de sentidos variados nos permite interpretar a música de várias maneiras. Mas os integrantes da banda mesmo dão a interpretação da música, a razão por que a escreveram e a inspiração no site oficial da banda (www.nenhumdenos.com.br). Eles dizem que precisavam expor sua indignação com relação às mulheres que se deixam passar por agressividades de maneira passiva e também sua indignação com os homens que agridem essas mulheres.
Lendo isso fica claro o que cada frase da música diz, dá pra sentir o pesar e a dor da “Camila” com toda aquela situação. O tom de pesar, porém suave da voz de Thedy Corrêa, dá um ar de drama muito característico e providencial ao contexto da música.
Camila, Camila
Composição: Carlos Stein / Sady Hömrich / Thedy Corrêa.
Depois da última noite de festa
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
A “noite de festa”, festa para quem? Nessa frase mostra claro o sofrimento da mulher depois de uma noite de abusos e violência.
As coisas aconteciam com alguma explicação
Com alguma explicação
Aqui mostra uma característica comum entre mulheres violentadas: a justificativa, como por exemplo, “ele estava bêbado, não sabia o que estava fazendo”, ou “a culpa foi minha, eu não devia ter feito ou dito aquilo”, ou então “eu mereço isso”.
Depois da última noite de chuva
Chorando e esperando amanhecer, amanhecer
Nesse trecho retrata novamente a noite de violência que nem sempre precisa ser de noite, pode ser a qualquer hora do dia.
Às vezes peço a ele que vá embora
Que vá embora...oh...
O desespero é retratado com o pedido de o agressor ir embora.
Camila, Camila
O clamar pelo nome da vítima pode ser interpretado como uma tentativa de chamar a moça a acordar, a pedir ajuda, a se libertar.
Eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
Nessa parte, temos a caracterização da mescla de sentimentos de ódio e medo, de saber que um simples olhar pode trazer conseqüências terríveis. E o ódio que por vezes pode ser interpretado vindo da vítima, com ódio do seu agressor, ou do próprio agressor que sentindo tanto ódio independentemente do motivo, não vê o que faz e destrói aos poucos a vida de outra pessoa.
A lembrança do silêncio daquelas tardes
Daquelas tardes
A lembrança do silêncio naquelas tardes, mostra o sofrimento calado, escondido.
A vergonha do espelho naquelas marcas
Naquelas marcas
As marcas, as cicatrizes da violência e do sofrimento, a vergonha de se olhar no espelho, de sair na rua, a tentativa de, ao estar de frente do espelho, encontrar justificativa para que aquilo tudo tenha acontecido.
Havia algo de insano naqueles olhos,
Olhos insanos
Os olhos que passavam o dia a me vigiar, a me vigiar... oh...
Aqui, a frase se auto-explica, falando da insanidade, da perda de razão, os olhos de quem já não sabe o que faz, mas mesmo assim o faz. Os mesmos olhos que vigiam que controlam e impõem medo e submissão.
Camila, Camila, Camila
Camila, Camila, Camila
E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer
Aqui novamente encontramos a submissão, o aceitar sem lutar, sem fugir, sem gritar.
Pode se dizer que a época em que a musica foi escrita, e por conseqüência acabamos contextualizando ela nesse período, no final dos anos 80, a mulher não tinha a quem recorrer, o sofrimento ia existir de qualquer forma, calada ou não, então pela vergonha acabavam por sofrer calada. Mas essa música transcende época, ela é super atual e tentamos entender como alguém, que tem a quem recorrer, tem a quem pedir ajuda, que pode se sentir segura novamente e seguir sua vida sem medo ainda abaixa sua cabeça para tudo e deixa as coisas acontecerem.
E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer
Camila, Camila, Camila
Camila, Camila, Camila.
Quantas Camilas mundo afora dizem ser essa a sua música sem fazer idéia do teor melancólico e trágico até de seu conteúdo. Quantos artistas dedicam essa musica as Camilas também sem saber da história por trás da musica. É interessante como a falta de conhecimento sobre de que se trata a música traz interpretações diversas.
Algumas interpretações que encontramos e que podem servir de exemplo são essas:
“Não está claro que Camila é um homossexual que o estava perturbando em uma festa? e Tedy como intelectual que "era" colocou de uma forma enigmática, subentendida por preconceitos à época.”
“Pra mim é só uma música sobre adolescência, como outras tantas.”
“acho que ela fala sobre drogas... é uma letra estranha...”
“Eu acho que Camila foi um amor não correspondido. Alguém que o compositor amou muito, talvez uma amiga próxima. Certamente Camila tinha um namorado que deixava marcas (que poderiam ser de amor ou de dor); o compositor tinha ódio e desejava que ele fosse embora (talvez até morresse?). Tímido e com apenas 17 anos ele baixava a cabeça para não ver Camila nos braços do outro, que devia ser um tipo cafajeste.”
Esses são alguns exemplos de como uma música como esta pode ser interpretada, podemos contextualizá-la nos dias atuais e pensar em possibilidades como anorexia, ou então com depressão, até mesmo a insatisfação e a vergonha de não se encaixar nos padrões de estética e padrões sociais.
Como dissemos antes essa música usa de frases metafóricas, podendo ter centenas de interpretações. Cabe a cada um de nós darmos o sentido à ela, mas podemos usar o que foi pré-estabelecido como ferramenta didática para trabalhar esta música, com uma letra impactante, por ser um hit e de grande receptividade entre jovens, como instrumento sobre o assunto em aulas de educação sexual. Alertar orientar e conscientizar moças e rapazes.
A própria banda traz uma solução para o problema, a libertação da violência e do medo. Trazem esta parte da história em outra canção chamada Fuga, a música já tem notas e uma letra mais suave, um tom de liberdade e alívio. Com um ritmo mais alegre, traz a personagem se libertando do seu agressor. Thedy conta no encarte do álbum acústico e ao vivo 2, que essa música é sim o final da historia, ou o recomeço. Não se pode esquecer desse lado, da solução do problema, deve ser apresentado junto, para que o contexto fique completo.
Fuga
Composição: Thedy Corrêa
Nunca mais vai estar em casa
E Nada será igual
A mudança, a decisão de que tudo vai ser diferente a partir desse momento.
Olhava as pessoas em volta
E Ninguém podia Ajudar
Nas ruas, ou em algum lugar qualquer, num abrigo amigo, na casa da família, não importa, ninguém consegue entender o que ela passou e ninguém pode efetivamente ajudar para que toda dor e sofrimento passem.
Tinha o fogo em suas mãos
E dentro de si o medo
O fogo do ódio, da revolta ou até de um possível crime, e o medo de passar por tudo aquilo de novo, o medo de ser encontrada.
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou!
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
O olhar para trás, o pesar e a revolta, e a decisão de fugir, de sumir, sem deixar rastros, começar uma vida nova sem dor e sofrimento.
Tudo em volta parecia um sonho
Nada fazia sentido
E Nada será igual
O silêncio das paredes Esperava
O silêncio Esperava
Olhar para os lados e saber que não existe nada a temer, que tudo vai ser diferente a partir desse momento, isso tudo deixar de ser sonho deixa a pessoa meio perdida desnorteada, sem saber o que fazer, mas com a certeza de que tudo será diferente. O silencio das paredes esperando quer dizer que agora tudo depende dela, que o silencio espera sua decisão de como serão as coisas desse momento em diante.
Então Adeus é mais que um pensamento
Então Adeus Palavra Triste
O adeus deixou de ser uma vontade pra se tornar a realidade, e a palavra triste se torna sua libertação se torna o inicio de sua felicidade.
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
Pensava em tudo o que ficou
E Quando todos percebessem
A garota se mandou !
Aqui se reforça a idéia de rever o que se deixou para trás e correr atrás da sua vida de felicidade.
Fontes de textos analisados:
Camila Camila
Album: Nenhum de Nós – 1987
Fuga
Álbum: Cardume - 1989
http://www.nenhumdenos.com.br/
BIANCA RODE PETRY, MARCELA POSSATO CORREA DA ROSA e MIRIAN FELIX
Fantástico
ResponderExcluirMais do que fantástico
ResponderExcluirMuito foda essa musica
ResponderExcluirMe faz refletir pra caramba
Simplesmente FANTÁSTICA como os meninos ai disseram