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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Análise de página do site da Petrobrás




O texto escolhido para a crítica foi uma página do site da Petrobrás denominada “Meio Ambiente e Sociedade”. A página pode ser visualizada no seguinte endereço: http://www.petrobras.com.br/pt/meio-ambiente-e-sociedade, e nossa crítica foi a seguinte:

Sabemos que, atualmente, grande parte dos produtos utilizados pelo homem contém petróleo ou utilizam-no para sua produção, porém o petróleo não é, como diz o texto, indispensável para a vida. Antigamente todos viviam sem petróleo. O petróleo é mais uma comodidade humana do que um composto indispensável. Para a Petrobrás, por outro lado, ele é, com certeza, indispensável, pois é nele que a empresa se sustenta, portanto as pessoas também devem acreditar que só sobrevivem com petróleo, pois uma diminuição na quantidade de produtos petrolíferos utilizados implica em uma diminuição nos lucros da empresa.
Segundo Schuchardt et.al (2000), “para um país tropical como o Brasil, o substituto natural para o petróleo é a biomassa.” Ainda segundo este autor, a produção de energia através de biomassa contribui enormemente para a área ambiental, pois seria necessário cerca de 1% da produção de biomassa brasileira para que se substituísse todo o petróleo utilizado em nosso país neste mesmo período. Além de estarmos reutilizando o “resto” de outras fontes econômicas, evitaríamos, com a utilização deste recurso, a devastação de grandes áreas ou florestas. Entretanto, Lucchesi (1998), superintendente executivo de Exploração e Produção da Petrobras, afirma que o mercado consumidor brasileiro, em expansão, constitui também grande atrativo a investimentos em exploração e produção de petróleo no país. E esses investimentos são altos.
O site da Petrobrás afirma que, em 2008, a empresa investiu R$556,8 milhões em projetos sociais, ambientais, esportivos e culturais. Porém a página da web não comenta, em momento algum, que grande parte destes investimentos são na verdade “multas”, que devem ser convertidas em investimentos para reparar os grandes danos ambientais causados pelos processos industriais da própria empresa. Mariano (2001), afirma que as refinarias de petróleo são geradores de grande parte da poluição ambiental causada pelo homem, tendo em vista o grande consumo de água e energia e a grande produção de resíduos por elas causados. Este mesmo autor comenta ainda que, recentemente, duas refinarias da Petrobrás (REPAR - no Paraná, e REDUC - no Rio de Janeiro), causaram acidentes que resultaram em enormes danos não só ao meio ambiente, mas também à empresa, que demonstrou não tomar os devidos cuidados quanto a alguns pontos ambientais importantíssimos. "Após os acidentes, a imprensa se encarregou de divulgar alguns fatos desagradáveis sobre a gestão ambiental da empresa, como, por exemplo, a notícia de que existem várias unidades de processamento da REDUC até hoje não possuem licença do órgão ambiental competente para operar", afirma o autor.
A página demonstra ainda vários detalhes verdes e azuis, que para muitos são consideradas "cores da natureza", verde para as plantas e azul para as águas. A cor verde, que também aparece no símbolo da empresa, pode estar referindo-se a cor verde da bandeira do Brasil. O fundo branco remete a uma sensação de leveza, deixando a página mais clara e "limpa".
Também podem ser observados vários vídeos comentando sobre o meio ambiente, um deles, inclusive, sobre projeto TAMAR. Todos os vídeos são feitos em cenários bonitos, com pessoas felizes no meio da natureza e uma música de fundo emocionante. Porém não se vê nenhum vídeo falando do petróleo em si, como ele é extraído, o que sua extração pode causar para o meio ambiente, e o mais importante, que deveria ser o tema central da página, quais os cuidados que a Petrobras tem (ou deveria ter) com o petróleo em relação ao meio ambiente. Nesse sentido, demonstrar acidentes passados e como eles foram solucionados poderia ser uma ótima "jogada" para eles, por mais que pareça que não o é.
O mundo de hoje está muito diferente daquele mundo antes do petróleo, e as pessoas de hoje também já estão por demais acomodadas com produtos derivados de petróleo e com o próprio petróleo. Na realidade, poucas sabem que em cosméticos ou produtos alimentícios podem conter petróleo ou derivados. Até agora a solução para a sociedade e para o meio-ambiente, como diz o nome da página da Petrobras, parece contraditória, pois de um lado temos uma grande empresa que não quer perder lucros e do outro temos a natureza, que não tem voz própria, e a que tem normalmente não é ouvida.
Tentar acabar totalmente com tais produtos e com o petróleo seria uma coisa possivelmente inviável, porém a diminuição terá que acontecer, a natureza não é um recurso renovável, assim como o petróleo.

REFERÊNCIAS:
MARIANO, J. B. Impactos Ambientais do refino de petróleo. Tese de mestrado em Ciências em planejamento energético. UFRJ: Rio de Janeiro, 2001. 216 p.
SCHUCHARDT, U. e RIBEIRO, M. L. A indústria petroquímica no próximo século: como substituir o petróleo como matéria prima? In: Quim. Nova, Vol. 24, No. 2, 247-251. 2001.
LUCCHESI, C. F. Petróleo. In: Estudos Avançados, Vol. 12, No. 33, p. 17-40. 1998.

DISPONÍVEIS EM:
http://ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/jbmariano.pdf
http://www.scielo.br/pdf/qn/v24n2/4288.pdf
http://www.scielo.br/pdf/ea/v12n33/v12n33a03.pdf


Marianne G. Kreusch e Taynara R. Campos

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