Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Ciência de quem e para quem?

  Altamente motivadas por uma palestra que assistiram, as alunas Kathleen Hames, Mariana Kominkiewicz, Mariana Ughini e Vanessa Prass decidiram tecer o seu trabalho em volta de uma temática com tons profundos, onde elas exploraram a história por trás da ginecologia, tratando como a ciência pode ser uma ferramenta ou uma arma que se comporta com a vontade de quem a faz. Elas questionam o custo do progresso e quem é privilegiado pelo mesmo, enquanto outras pessoas que tiveram papéis importantes são desconsideradas. Elas decidem apagar o nome do homem, cujo detém o título de “pai da ginecologia” e exaltam as mulheres que foram agredidas por esse progresso. Em outra página de sua colagem, elas trazem uma alusão em comparação como o óvulo sempre é tratado como passivo no processo de fecundação e o espermatozóide ser tido como o ativo, tal como as cientistas mulheres geralmente são excluídas da ciências e o sucesso é atribuído aos seus parceiros de trabalho homens. 






    Já os estudantes Dyonatha Jose da Silva, Lucas Zanchetta, Raquel
Toaldo Baretta e Vinícius Siqueira Frasson decidiram mergulhar o seu trabalho na temática sobre a ganância de homens que utilizam o capitalismo como pretexto para uma exploração extrema dos recursos naturais do nosso planeta. Junto do texto, eles também produziram uma colagem para expressar o tema visualmente. 


    “A imagem é um reflexo da interação da indústria com o meio ambiente: uma relação

tóxica e agressiva, seguindo os preceitos do capitalismo, que é um sistema que

perpetua a exploração, inclusive em relação aos meios naturais. Porém, ao contrário

do pensamento da maioria das pessoas, a discussão sobre a exploração do meio

ambiente é mais complexa do que a generalização de que todas as ações humanas

possam interferir da mesma maneira em relação ao meio ambiente, pois afinal das

contas, quem realmente está por trás disso, por qual motivo, a que custo e para quais

fins?

Muitos argumentos a favor da exploração da natureza vem de uma perspectiva

burguesa que usa a escassez como justificativa, um exemplo disso é a destruição de

reservas ambientais para “moradia”, ou a criação de novos campos para fins

agropecuários, que visa o “aumento” da indústria alimentícia. Mas sabemos que no

final das contas isto são falácias; se precisamos de novos campos para a produção de

alimentos, por que existem tantos latifúndios? Se precisamos de moradia, porque

existem tantas obras sem locação ao mesmo tempo em que tantas pessoas habitam

as ruas? Por que o índice de pessoas que vivem em situação de miséria aumenta

proporcionalmente em comparação ao índice de bilionários no mundo?

Para pensarmos na exploração do meio ambiente, precisamos olhar para a sociedade

na qual estamos inseridos, e precisamos refletir sobre a cultura burguesa que se

instaurou nela, pois a exploração continuará enquanto existirem aqueles que pensam

que pode não haver consequências, pois, como disse uma vez o cacique Seattle,

“quando a última árvore for cortada, o último rio secar e o último peixe for pescado,

eles vão entender que dinheiro não se come”, pois o meio ambiente é nosso principal

tesouro e ele não pertence a ninguém, nós que pertencemos a ele.” 


Os alunos Daniel Perez, Jamilli Nogueira, Murilo Below e Thays Vieira invocam a valorização dos saberes indígenas e questionam o alcance da saúde pública para a população em geral. Também refletem sobre como as indústrias podem se apoderar de um bem tão importante para a vivências das pessoas e geram um lucro exacerbado em cima de um item essencial para a vida de muitos. Essas indústrias tomam para si os saberes de populações indígenas, apagam as suas origens e vendem como sua propriedade. Os alunos produziram um texto e uma colagem que visam despertar conhecimentos para esse apagamento. 



“Medicina de quem? Diariamente, todos nós consumimos uma diversidade de substâncias e drogas para fins medicinais. É quase inimaginável que, em nossa sociedade urbanizada, não haja uma farmácia na esquina para comprar um remédio. Contudo, apesar de sua constância na vida de tantas pessoas, raramente paramos para refletir sobre as origens desses compostos. Este trabalho de colagem visa provocar questionamentos acerca da invisibilidade a qual os povos originários e seus conhecimentos estão submetidos. Representantes dos detentores de saberes ancestrais do uso de plantas medicinais, importantes lideranças indígenas como Sônia Guajajara, Alice Pataxó e Cacique Aritana Yawalapiti, além de espécies vegetais macela (Achyrocline satureioides), pata de vaca (Bauhinia forficata), quebra-pedras (Phyllanthus urinaria), cardo-mariano (Silybum marianum) e garra do diabo (Harpagophytum procumbens), encontram-se sobrepostas à indústria farmacêutica que funciona em um sistema de produção que valoriza a geração de lucro ao mesmo tempo que descredibiliza e subjuga a existência e os conhecimentos dos povos originários.”


As alunas Ana Paula Suhr, Isadora Silva Antunes e Larissa Akemi abandonaram as fronteiras das costumeiras e tradicionais formas de divulgação científica, tais quais os artigos, para dar voz a outras formas de expressar ciência. Utilizando exemplos próximos a nós, como Fritz Müller e o ilustrador Leandro Lopes, elas trazem poesias, ilustrações e mídias sociais para o universo científico, ampliando as formas de disseminar ciências e fazer com que ela alcance pessoas fora do meio acadêmico. 




Na tentativa de abrir os olhos das pessoas para a cegueira botânica, os alunos João Schneider, Leonardo Paulo, Maria Clara e Nicoly Schelbauer D'Oliveira dão vida, fala e histórias à plantas brasileiras, muitas delas que moram na UFSC! Com criatividade, eles dão voz àqueles que não podem falar e contam a própria história dessas plantas. 






Não são apenas os dados, mas também a vivência de cada pessoa que possui um órgão reprodutor feminino que sabe como o seu prazer é negligenciado por toda a sociedade. Enquanto diversas formas de mídia enaltecem o prazer masculino, o femino acaba por ser imensamente ignorado. Buscando formas de trazer um debate a toda, as alunas Esther B G Schubert, Julia W Romão, Mariana C Melo, Vanuza Z Perin e Yasmim C Ramos trazem o Clitóris como o protagonista de uma cartilha de educação sexual repleta de informação que joga luzes sobre aquele que constantemente é tão friamente ignorado. 






Caindo na imersão das comunidades quilombolas, os estudantes Mariana Carvalho, Izaias dos Santos, Apolo Alecrim, Leonardo Wolf e Stanley Miole buscam a merecida visibilidade para essas comunidades. Trazendo todo o enaltecimento e reverenciando o conhecimento dessas pessoas. Para tratar sobre o assunto, eles construíram um vídeo, que pode ser acessado em https://youtu.be/NJqvtmgfnbY, que explicam conceitos da comunidade e trazem a incrível vivência da dona Jucélia. 





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