Você já parou para pensar se todos nós pagamos o mesmo preço para viver? É comum irmos às prateleiras de mercados e vermos algumas variações de preços entre alguns produtos, parecendo que todo mundo paga praticamente o mesmo por ele; contudo o que as estudantes Ana Beatriz Bauer e Amanda Cristina demonstram é que esse valor pode ser cobrado de uma forma bem diferente, já que quando falamos sobre aquecimento global, todos os seres humanos parecem ser culpados igualmente. Nesses dados, é revelado como podemos estar pagando por muito mais do que consumimos, enquanto aqueles que mais consomem não pagam o mesmo preço.
O avanço da tecnologia tem levado o ser humano a cometer atos inimagináveis e os discentes Davi, Natália e Natasha decidiram por pensar qual seria o limite até quais a tecnologia poderia continuar a avançar eticamente. Com o título de “Arte Transgênica”, eles questionam até que ponto é saudável chamar uma manipulação gênica de um ser vivo e consciente de arte, sem ter certeza até que ponto isso poderia ser prejudicial para aquela vida. Explorando outros campos em que a arte pode se estender, como crenças e tecnologia, eles convidam o leitor a imergir nesses futuros avanços da tecnologia.
Ainda se expressando através de genes, os discentes Murilo e Nathan trazem os seus questionamentos em forma de uma arte realista de um cão da raça "pug", famoso por suas dificuldades de respirar e prolongamento de palato mole por conta do formato braquicefálico do seu focinho, fruto de apenas um desejo estético daqueles que queriam um cão “mais fofo”. Com a frase “Eu apenas quero respirar”, eles impõem como a o querer estético sobrepõe cruelmente questões essenciais para a vida do cão, como apenas respirar.
Através de uma colagem, os alunos Beatriz Chitolina, Erdeson Faria Mello, Júlia Poggio Lângaro e Marina Lanças, eles despertam a beleza da individualidade humana e trazem o conceito de individualidade coletivo, onde cada um sendo diferente do seu jeito compõem um coletivo de pessoas. Apesar de todos serem diferentes, ainda formam uma união, pois todos são pessoas.
Vacinas se tornaram um grande enfoque nos últimos anos e, dentre tantos os assuntos que a permearam, a estudante Marilia de Moura Zamora Costa trouxe o caso do veganismo: já que vacinas ainda são testadas em animais. Como um movimento que luta pelo bem estar de todo ser vivo dentro do possível, Marilia visa trazer conceitos de que há formas de vacinas serem mais seguras e sem a necessidade de sacrificar a vida de animais inocentes. Tal como a sociedade, a ciência é constantemente mutável e Marilia defende que a também é esperado o mesmo para as vacinas.
Há conceitos tão enraizados em nossa mente que até mesmo é difícil de percebê-los, afinal as raízes costumam ficar embaixo da terra, escondidas, e para vê-las, precisam ser arrancadas. Falas racistas e homofóbicas estão enraizadas em parte dos costumes de nosso país, desencadeadas por uma trajetória sanguinária e cruel que perdurou durante séculos. O aluno Pedro Villar Biancão desenvolveu uma história em quadrinhos para tratar sobre essas raízes tão fortemente agarradas ao passado do nosso país.
“Acompanhe a criação do personagem Helsão, um São Paulino, quase velho, hipócrita, entendido, mas estúpido. Branco e com cabelo enrolado foi criado em um mundo de brancos e questiona sobre a branquitude e política presente em seu entorno, acompanhado sempre de seu amigo George, estiloso e desentendido, acabam demonstrando em suas conversas, às vezes sem noção, como o racismo, machismo e homofobia estão escondidos e enraizados em diversas culturas.”
Em uma releitura genial da música “Que País É Esse?”, as discentes Júlia da Costa Hillmann, Laura de Sá Fioretti e Stefana Baumgarten desenvolveram um vídeo e canção para questionar os desastres ambientais e a impunidade que permearam os acontecimentos em Brumadinho e Mariana. Sabemos que diversas questões políticas moldam o nosso país e descontentes, elas trazem o questionamento de que país é esse que não é capaz sequer de proteger o próprio território e culpabilizar os responsáveis por esses desastres que mancham o solo, rasgam os rios e ceifam o nosso ecossistema.
Em seu artefato, Willyan Jhoseph e Celia Caroline trazem a importância da disseminação de informações, que às vezes ficam retidas na comunidade científica. Essa retenção por vezes impede as pessoas de saberem qual a melhor decisão tomar para si próprias e acabam optando por aquela informação que recebem primeiro, que por vezes pode ser uma notícia falsa.
Através da proposta de uma nova pirâmide alimentar, os discentes Gabriela Dias Claumann, Brayan Correa, Eduarda Lopes de Oliveira e Luiz Renato Callescura Lopes demonstram como o veganismo pode ser a chave para um novo estilo de vida mais acessível e saudável para a população, ainda mais quando a nossa realidade demonstra preços exorbitantes para os produtos de origem animal. Eles demonstram que o veganismo é uma alternativa que pode permear os campos de monocultura com outros tipos de plantações que se aliem ao nosso ecossistema e integre as sociedades humanas à um contato mais próximo com o solo e a terra. Confira o texto produzido por eles:
"O veganismo, para além de uma forma de se alimentar, ele é considerado uma filosofia de vida e um movimento político que não compactua com nenhuma forma de exploração animal, seja para fins de alimentação, vestuário ou entretenimento. Previamente, devemos apresentar as duas principais vertentes: o veganismo liberal e o veganismo popular. Por outro lado, será englobado, em um breve contexto histórico, uma discussão acerca das pirâmides alimentares.
O veganismo liberal, por sua vez, entende que a causa vegana é mero hábito de consumo, visto que mantém sua lógica de produção e exploração; mas desta vez unindo os consumidores aos seus produtos industrializados e nem sempre saudáveis. Em contraposição ao veganismo liberal, o veganismo popular acredita que comer é um ato político, e por isso defende o fim do especismo e do capitalismo, luta pela libertação animal e fomenta a soberania alimentar; reduzindo os impactos ambientais da agropecuária.
A primeira pirâmide alimentar surgiu em 1992 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos com o objetivo de atuar como guia alimentar para a população, estimular uma alimentação mais saudável e assim prevenir doenças. Em 1999 ela foi adaptada pro Brasil, por pesquisadores da Universidade de São Paulo, nessa nova versão ela possuía alguns alimentos regionais e mesmo com novas adaptações ela manteve um padrão característico até os dias de hoje. Sendo assim:
1º andar - carboidratos
2º andar - frutas e legumes
3º andar - fontes de proteínas (derivados do leite, carnes, peixes)
4º andar - doces e gorduras
Esse modelo ficou tão popular que passou a ser usado em livros didáticos escolares e está presente até hoje. A escola é com certeza um local de formação, e criação de hábitos do indivíduo, foi por esse motivo que nós desenvolvemos uma pirâmide alimentar não tradicional, vegana que mostra uma outra possibilidade para a alimentação saudável, completa com todos os nutrientes e que também colabora com a preservação do meio ambiente.
Ao tirar os animais do nosso prato, contribuímos para desacelerar os impactos ambientais causados pela agropecuária e a exploração animal, como também colaboramos para a nossa saúde, conforme afirma relatório da OMS (2015): “O consumo de carnes processadas, como salsicha, linguiça, bacon e presunto, aumenta o risco de câncer do intestino em humanos”.
Nesse projeto as mudanças mais significativas ficaram no terceiro andar, onde as proteínas e os derivados do leite foram substituídos por outras versões veganas, a nossa ideia é mostrar que existem outras possibilidades para obtenção de proteínas não somente as tradicionais.
Dessa forma, busca-se, por meio da ilustração e do texto apresentado, desconstruir a ideia de que o veganismo é inacessível, mostrando que é possível trocar os alimentos industrializados pelos alimentos naturais e de origem vegetal. Vale ressaltar que, a partir dos grupos representados desta pirâmide alimentar, a alimentação vegana pode suprir todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do nosso corpo.
Alimentos representados na pirâmide alimentar vegana, da esquerda para direita:
Primeiro andar, carboidratos: Pão, Croissant, mandioca, trigo, arroz, milho e batata;
Segundo andar, frutas e verduras: Araçá, maçã, pêra, kiwi, banana, abóbora, abacate, berinjela, cenoura, guaraná, pimentão, melancia, mamão e morango;
Terceiro andar, proteínas: quinoa, feijão, tofu, amêndoa, semente de chia, amaranto, grão de bico, brócolis, couve, amendoim, lentilha, soja e leite vegetal;
Quarto andar, doces e gorduras: Bolo (vegano), brigadeiro (vegano), paçoca e azeite de oliva."
Como a ciência é mutável e já foi diferente do que hoje conhecê-los e futuramente será ainda mais desigual, as alunas Fernanda Peverari, Jasmim Vasques, Maria Clara Rocha e Letícia de Couto tratam sobre um passado científico onde mulheres negras eram utilizadas como cobaias para experimentos científicos. Manifestando o questionamento de por quem a ciência é feita e para quem, elas construíram uma música que aborda diversos temas que permeiam a forma como a ciência pode ser brutalmente empregada. Você pode conferir a letra da música a seguir:
Quem diria o que pode florescer
De um útero em sangue
É uma coisa meio abstrata
Quando a imortalidade se instala
Quando a vida toma os caminhos
E se recusa a desistir
Quando uma mulher tem seu poder em voga
Se torna uma entidade
Uma ferramenta biológica
Quem diria o que poderia florescer
De um útero em sangue
Imortal
Henrietta
Células
Milagrosas
Salvaram, salvam e salvarão
Sobrevivem fora do corpo
Infinitamente
Para todo sempre
HeLa
Ninguém deu permissão
Lhe foi arrancado um pedaço
O câncer lhe tomou a essência, intromissão
E a vida cessou num traço
No único recinto em que sentiria-se segura
Roubaram sua matéria
Sem possibilidade para sua cura
Henrietta foi esquecida
Por tanto tempo
E sua família coagida
A dar também um pedaço de si
Daquela peça mercadológica
Foram geradas tantas possibilidades de vida
Tantos milhões
Mas me parece que Henrietta continua esquecida
Ao passo em que as partes da Henrietta viajavam o mundo
A família dela continuava a mesma nas plantações de tabaco
Henrietta Lacks era
Mulher, negra, periférica
Trabalhadora, cinco filhos para cuidar
Já não bastava a dura vida
Foi atingida
O câncer a pegou
Aos 30 estava internada
E aos médicos confiava
Sua vida e sua história
Mal ela sabia
O que acontecia
Enquanto ela dormia
Lá no hospital
Sem dar nenhuma permissão
Tiraram um pedaço seu
Estudando perceberam
Que suas células eram
Resistentes, diferentes, imortais
Mal ela sabia
O que acontecia
Enquanto ela morria
Seu corpo precioso
Lhe fora roubado, patenteado
E vale milhões e vale bilhões
É uma morte que se doa
Uma matéria distribuída em toneladas
Crescendo incessantemente
Criando meios para uma cura
É iminente
A célula se divide
Ao dispor da ciência
Para encontrar uma maneira
De evitar com que a doença nos entrelace
Cientistas, médicos, pesquisadores
Enviaram para lá e para cá
Um pedaço de Henrietta
Será que não pesa
A consciência da ciência
Será que não sente
A senciência da ciência
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