Este espaço é destinado às construções em Biologia e Educação dos estudantes de Ciências Biológicas da UFSC

terça-feira, 16 de agosto de 2022

A produção de artefatos que demonstram a reflexão humana

  Ao longo do semestre, diversos temas foram apresentados aos estudantes para refletirem sobre conceitos que já pareciam tão normalizados para eles, mas que ao questionarem esses conceitos, produziram trabalhos que mostram que todas essas questões podem ser muito mais complexas quando são inquiridas. 

Pensando em unidades de conservação como temos hoje, os estudantes José Carlos Martini Filho, Larissa Müller, Larissa Domingues Guizzi e Marya Helena de Sousa Ramos refletiram sobre o uso dos espaços: por que é tão comum o pensamento de que a melhor forma de preservar a natureza é extinguir todos os humanos daquele espaço natural? O próprio ser humano não faz parte da composição? Para demonstrar que pode ser que esta subtração não faça sentido, eles trouxeram o exemplo de como comunidades indígenas povoam e ajudam na manutenção dessas áreas de forma positiva, contribuindo para a preservação e reduzindo as chances de invasão com pretexto de desmatamento e uso daqueles recursos rurais. 



As espécies invasoras têm sido alvo de discussão há um certo tempo na comunidade científica, mas não somente alvo de discussão, como também de controle e caça legalizada. Apesar da grande bagagem de problemas que essas espécies trazem, Daniele explorou outros conceitos que demonstram como um problema para a natureza pode ser uma forma de encher o bolso de dinheiro de alguns. Também existe a problematização de transformar um ser vivo em um inimigo, que esse ódio aliado a desinformação pode se transmutar numa tsunami capaz de afogar até mesmo espécies nativas morfologicamente parecidas com as invasoras.







A constituição alega por diversos direitos, mas não são poucas as dificuldades que permeiam a nossa mente quando pensamos na vida de uma pessoa possuidora de deficiência. Estradas irregulares, catracas, falta de espaço. Sensibilizadas, as estudantes Catarina, Geovana e Victoria produziram uma colagem que desperta os anseios por uma comunidade mais acessível. O grupo também realizou um pequeno texto para expressar as suas ideias: “Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, cognitiva entre tantas outras, quantas vezes percebemos o quanto o espaço deles foi recusado ou inviabilizado? Dentre os locais, um dos mais essenciais: o escolar. A falta de acessibilidade seja por dificuldade de locomoção ou carência de profissionais capacitados ainda é uma situação alarmante. Nosso intuito é que voltemos nosso olhar para essa comunidade, que possamos nos mobilizar para uma integração da melhor maneira possível, a fim de criar uma sociedade igualitária e inclusiva.”





Alguns conceitos sempre são apresentados de uma forma muito semelhante, como se fosse criado dentro de uma caixinha. Dentro da comunidade científica, não é diferente com a evolução. Darwin, criado em um sistema capitalista e exploratório, via a evolução como tal: a competição e a seleção natural geram o início de novas linhagens de espécies. Já Kropotkin, que nasceu em um sistema socialista e possuía uma imagem de união e compartilhamento, propôs que a interação entre as espécies gerou a especiação. Para explicação destes conceitos, os alunos José Henrique dos Santos, João Victor Alves Pedrozo, João Miguel da Costa Manso e Paulo Henrique da Rocha Dias desenvolveram um fofo quadrinho e um texto: 




“EVOLUÇÃO DAS ABELHAS (DARWIN): De acordo com Darwin as abelhas com características favoráveis a produção de alimento como, por exemplo, cerdas em suas patas, tiveram mais sucesso evolutivo do que as demais, porque dessa forma elas conseguiam carregar pólen para as colmeias que acabavam servindo por produção energética delas, porém isso caracteriza uma evolução isolada sem pensar nas outras espécies envolvidas


EVOLUÇÃO DAS ABELHAS EM CONJUNTO COM AS FLORES (KROPOTKIN): Já de um ponto de vista mais voltado para Kropotkin, em concordância também com Darwin, mas adicionando o ponto do mutualismo entre as espécies, as plantas e as abelhas evoluíram de forma mútua onde as plantas mais coloridas e com maior disposição de néctar e pólen sobrepõe-se sobre as outras, uma vez que as abelhas mais adaptadas, com mais cerdas nas patas, por exemplo, conseguem carregar o pólen das plantas e acabam dessa forma realizando uma maior polinização, mostrando então que em conjunto elas são mais eficazes, portanto ele se diferencia de Darwin nesse sentido onde ele vai dizer que não é só uma questão evolutiva isolada das abelhas nesse exemplo, e sim uma evolução mútua.”


O tema aborto ou eutanásia tem sido recorrente em diversas rodas de conversa, contudo como é extremamente difícil chegar em um consenso sobre opiniões em uma sociedade, os estudantes Maria Eduarda Guimarães, Antônio Felipe dos Santos e Giovana Ramos foram atrás de uma possível definição de onde começa e onde termina a vida. Apesar da ciência ser composta por pessoas e diferentes pessoas possuírem diferentes visões, eles trouxeram questionamentos que evocam pensamentos e reflexões. Afinal, como ter certeza de onde surge a vida? E como ter certeza que ela acabou? Quem define esses prazos? 



Você já se inquiriu do que antes existia embaixo de um pedaço de asfalto? Ou dos prédios que o rodeiam? A infinidade de diversidade que antes poderia permear aquele espaço que um dia fora uma área permeada de árvores. Com esse pensamento em mente, a estudante Thauni desenvolveu um texto em busca da reflexão de como estamos manejando e transformando o espaço ao nosso redor. 

“Inicialmente olhando par o ambiente em que nos encontramos, uma ilha, rica em diversidade de biomas e espécies, algo que vejo e o mau uso dos espaços ao qual nós também fazemos parte.

Motivado por nossas riquezas de biomas e espécies, Florianópolis vem tendo grande foco para o comércio turístico, que vem para conhecer nossas lagoas, praias, trilhas, dunas....

Porém nossa população não estão visando o real motivo desse movimento turístico e estão acabando com nossos biomas. Nossa lagoa está morrendo. 

Aqui um dos nossos cartão postal é a Lagoa da Conceição, que a décadas esta sendo poluída pela própria comunidade. Vemos o governo escondendo as verdadeiras razoes das poluições e gostaria de abrir os olhos da população usuária a estimular a preservação e julgar os órgãos competentes(ou incompetentes).

Um dos poluentes foi a invasão biológica dos pinos, trazidos na década de 2000 e distribuídos a comunidades. Inicialmente usados para fixação das dunas, porem  tendo em vista seu caráter dominante, estão matando nossa mata nativa e além disso, sua dispersão ao longo da orla trouxe impacto também na saúde da nossa lagoa, através da resina que o pinos solta no solo e escoam na lagoa contaminando milhares de espécies de peixes e crustáceos que correm a beira por falta de oxigenação na água.

Outro fator poluentes é a falta de saneamento básico. Além do escoamento inapropriado do comércio local como restaurantes e pousadas burlando a fiscalização sanitária com escoamento de esgoto direto na lagoa. A Casan, empresa responsável pelo saneamento junto com o governo vem acobertando o mau uso do nosso bioma. Escoando os dejetos da população em lugar inapropriado, desembocando em um buraco nas dunas o esgoto de todo o leste da ilha. Posteriormente após grande quantidade de esgoto acumulado, transbordou e escoou diretamente para lagoa, deixando ainda mais poluída e imprópria para banho não só a lagoa como o canal da barra e as praias próximas deste trecho como barra da lagoa, praia mole,praia do moçambique...

O nosso governo tendo em vista o lucro com o turismo, colocou erroneamente placas de própria para banho.”


A nossa sociedade já é repleta de padrões estéticos que resultam em distorções das visões das pessoas sobre si mesmas, muitas delas em buscas de corpos que sequer existem, resultados de cirurgias e modelagens feitas em programas de computador. O uso de anabolizantes não é recente, contudo parece ter ganhado ainda mais uma assustadora força nos últimos anos e o fato de que competições, como o fisiculturismo, que implicam na comparação direta de corpos, esconderem informações sobre um competidor fazer uso ou não de anabolizantes, desencadeiam um inevitável perigo para a saúde mental das pessoas ao redor, sendo tentadas a fazerem uso dos anabolizantes. Os estudantes Amanda Braga, Henrique Santos e Tobias Vieira desenvolveram uma cartilha informativa sobre o uso desses esteróides. 



A busca por inclusão é cada vez mais frequente nas escolas, embora ainda possa parecer que estamos tão longe de um sistema completamente abrangente. Enquanto a acessibilidade possa parecer projetar algo exclusivo para uma pessoa possuidora de deficiência, causando uma exclusão dela na interação com outras pessoas, a aluna Alice Nunes Carvalho desenvolveu um projeto para abraçar a deficiência visual e torná-la uma atividade enriquecedora para toda uma turma de alunos: um projeto tridimensional de um poliqueta, para que não apenas o aluno que tem alguma deficiência aproveitar, mas se sentir incluído pois está inserido em uma atividade que todos estão imersos.





Não são poucas as imagens horrendas que compõem as embalagens de cigarro, trazendo diversos alertas para quem o consumir; no entanto, por que o cigarro é a única droga lícita que possui uma propaganda tão adversa? Pensando nas consequências tão tensas que o álcool pode trazer e, mesmo sendo uma droga lícita, não possui uma propaganda do mesmo teor que o cigarro, os discentes Maria Eduarda Roman, Maria Luiza Martins, Dilan Petter e Vinicius Kaufmann desenvolveram alertas para serem colocados em bebidas alcoólicas, tal como é feito com o cigarro. 






“Políticas proibicionistas são aplicadas a uma grande gama de substâncias, se demonstrando ineficazes e extremamente caras, principalmente relacionadas na chamada "guerra às drogas", mas a livre utilização de tais compostos, em muitos dos casos, também demonstra riscos à saúde dos usuários, seus familiares e a sociedade em geral, como será discutido no presente texto, com foco nas bebidas alcoólicas.

        O álcool é uma substância que está presente em grande parte das relações sociais entre adultos, sendo um composto socialmente aceito, não desperta em muitos as preocupações necessárias relativas a seu consumo, podendo causar problemas de saúde, familiares ou sociais devido ao consumo em excesso.

        Na saúde do indivíduo, pode levar a problemas no fígado, no sistema nervoso central, no sistema cardiovascular além da possibilidade de acidentes, devido aos efeitos psicoativos do álcool, podendo levar a atitudes violentas, que representam um risco de violência familiar.

        Para amenizar tais efeitos, não buscamos propor uma proibição, como ocorrido nos Estados Unidos no início do século XX, onde tais medidas levaram a um agravamento de diversos problemas sociais, mas propor uma conscientização da população, por meio de um acesso facilitado a informações sobres seus riscos, e baseados nas imagens de advertência das cartelas de cigarro, buscamos criar rótulos mais informativos para às embalagens de bebida alcoólica.”

Apesar de geralmente a ciência ser tratado como algo puro, certeiro e livre de influências, sabemos que ela é um conhecimento cultivado por seres humanos e humanos são mutáveis em sua essência. Com esse conceito em mente, é difícil cravar uma dicotomia entre cultura e ciência, como se fossem incompatíveis. As alunas Raissa Alves, Triscia Lima, Francielli Maria S. e Paula Beatriz G desenvolveram habilidosamente esculturas que permeiam a ciência e demonstram a junção entre ela e a cultura, conectando-os com sensibilidade. 

    






Para entender a trajetória de um estudante que possui deficiências visuais pela UFSC, os estudantes Isabella de Souza Ribeiro, Lauren Venâncio Feliciano, Nicollas de Souza Oliveira e Rodrigo Ferreira Santana decidiram viver esse papel e andar pela universidade, deparando-se com diversas dificuldades que atrapalham a vivência de qualquer indivíduo com deficiência. Com sinais táteis falhos, potencialmente perigosos e que terminam até mesmo em um bueiro, eles lhe convidam para assistir um vídeo produzido por eles e a imergir em uma diferente realidade. O vídeo pode ser conferido em:

https://www.youtube.com/watch?v=hDtS3mEdEVk&ab_channel=IsabellaRibeiro

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